Os problemas nas escolas indígenas no Maranhão, mostrados pelos veículos do Grupo Difusora nos últimos dias, abrangem a questão estrutural precária das unidades de ensino, mas também a alimentação ofertada pelo Governo do Estado às crianças, adolescentes e jovens que estudam nos territórios.
A denúncia de alimentação escolar estragada foi feita por lideranças e pais de estudantes indígenas do Centro de Formação Saberes Caapó, na terra indígena Alto Turiaçu, na região de Santa Luzia do Paruá; da Escola Indígena Formosa localizada na Terra Indígena Araribóia, em Amarante do Maranhão; e da Unidade Integrada de Educação Escolar Indígena Jumueha Renda Keruhu, localizada em Centro Novo do Maranhão.
Segundo os denunciantes, alimentos como carnes, frutas e verduras chegam aos territórios indígenas já vencidos e/ou estragados e, por isso mesmo, precisam ser jogados fora. “Nós só estamos recebendo a merenda escolar atrasada, às vezes só vem 2 ou 3 vezes no ano e quando chega é com verduras e frutas, tudo estragado”, conta Suely Rodrigues, professora da Escola Indígena Formosa, localizada na Terra Indígena Araribóia, em Amarante do Maranhão.
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Ainda conforme a professora, além da alimentação, chegar ao território atrasada e muitas vezes estragada, na escola ainda falta material adequado que possibilite o aprendizado dos alunos. “Passamos o ano todo sem merenda, sem carteira, sem material didático e a própria estrutura da escola está precisando de reforma”, relata.
Para ilustrar a denúncia, as lideranças indígenas enviaram ao portal Difusora News, vídeos dos alimentos que chegam ao território para a merenda escolar e fotos das condições em que os alunos são obrigados a estudar. Confira:
O que diz a Seduc
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que não procede a denúncia de fornecimento de alimentação estragada em escolas indígenas. Desde 2011, segundo a Seduc foram instituídas as “Escolas Mães”, unidades que recebem os recursos financeiros (federais e estaduais) e realizam as compras dos gêneros alimentícios para atender aos alunos das escolas indígenas.
A Seduc informou ainda que a Unidade Integrada de Educação Escolar Indígena Jumueha Renda Keruhu, localizada em Centro Novo do Maranhão, recebeu as compras da alimentação escolar indígena no último dia 16 de abril. De acordo com a secretaria, as compras foram referentes aos três primeiros repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/2024) e primeiro repasse do Tesouro Estadual/2024. A compra, segundo a nota, foi acompanhada por representante da escola que também assinou documento comprovando a entrega, atestando a qualidade dos produtos.
A nota da Seduc finaliza dizendo que através das Escolas Mães, as ocorrências de gêneros alimentícios estragados às escolas indígenas foram minimizadas, atendendo, ainda, a diversidade das comunidades, bem como reduzindo a dificuldade da logística de qualidade. Por fim, a Seduc completa que o processo para a instituição das Escolas Mães contou com a participação das lideranças indígenas, alunos e gestores escolares.
Sobre as outras duas escolas, a Seduc não respondeu à solicitação de nota feita pelo portal Difusora News.