Dados fazem parte da atualização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma do Observatório da Mulher contra a Violência (OMV)
-dezembro 4, 2025
Dados fazem parte da atualização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma do Observatório da Mulher contra a Violência (OMV)
Um novo levantamento nacional revela um cenário alarmante da violência doméstica no Brasil. Nos últimos 12 meses, 3,7 milhões de mulheres sofreram um ou mais episódios de agressão dentro de casa. Os dados fazem parte da atualização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma do Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), do Senado Federal, em parceria com o Instituto Natura e a organização Gênero e Número.
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A pesquisa mostra que 71% das mulheres foram agredidas na presença de outras pessoas. Em 70% desses episódios havia pelo menos uma criança no ambiente — o que significa 1,94 milhão de situações de violência presenciadas por menores.
Mesmo com testemunhas, em 40% dos casos as vítimas não receberam ajuda.
Para 58% das entrevistadas, a violência não é um episódio isolado: ocorre há mais de um ano. Segundo os pesquisadores, esse cenário reforça a dificuldade de romper o ciclo de agressões, muitas vezes agravado pela dependência econômica e pela falta de redes de apoio.
O estudo ouviu 21.641 mulheres de todo o país, por meio de entrevistas telefônicas realizadas com apoio da empresa Nexus.
Após sofrer violência, as mulheres tendem a procurar acolhimento primeiro em espaços próximos. O levantamento mostra que:
• 58% buscaram apoio na família;
• 53% recorreram à igreja;
• 52% pediram ajuda a amigos.
Mesmo assim, apenas 28% registraram denúncia em Delegacias da Mulher e 11% acionaram o Ligue 180, serviço nacional de atendimento à mulher.
Entre mulheres que declararam alguma fé religiosa, 70% das evangélicas buscaram ajuda na igreja, enquanto 59% das católicas procuraram familiares.
A pesquisa também mediu o grau de conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, principal ferramenta legal de proteção às vítimas de violência doméstica:
• 67% das brasileiras conhecem pouco a lei;
• 11% desconhecem completamente o conteúdo.
O desconhecimento é maior entre mulheres de menor escolaridade e renda:
• 30% das mulheres analfabetas nunca ouviram falar da lei;
• 20% das que têm ensino fundamental incompleto também não a conhecem;
• Entre mulheres com ensino superior completo, o índice cai para 3%.
A idade também influencia:
• 18% das mulheres acima de 60 anos não conhecem a lei;
• entre jovens de 16 a 29 anos, o índice é de 6%.
Apesar disso, 75% acreditam que a lei protege — totalmente ou em parte — as mulheres vítimas de violência.
A pesquisa identificou quais equipamentos públicos são mais reconhecidos pelas brasileiras como locais de apoio às vítimas. As Delegacias da Mulher lideram, citadas por 93% das entrevistadas. Em seguida aparecem:
• Defensorias Públicas – 87%
• CRAS/CREAS – 81%
• Ligue 180 – 76%
• Casa Abrigo – 56%
• Casa da Mulher Brasileira – 38%
O estudo reforça a importância de ampliar o acesso à informação, fortalecer redes de apoio e investir em políticas públicas capazes de interromper ciclos de violência e proteger mulheres e crianças.
Com informações de Agência Brasil