O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), em parceria com o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) lançou nesta 4ª feira (03.mai), a 9ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil, cujas entrevistas aconteceram entre junho de 2022 a outubro de 2022.
Realizado desde 2012, o levantamento agrega dados, indicadores sobre oportunidades e riscos relacionados à participação on-line da população de 9 a 17 anos no país e apresenta tendências quanto ao acesso e o uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) por crianças e adolescentes.
Os dados trazem também que a baixa velocidade e a falta de créditos no celular são condições percebidas com frequência por parte dos entrevistados para o uso da Internet.
Conexão ruim e falta de créditos para navegar
Entre as crianças e adolescentes usuários de Internet, 39% daqueles pertencentes às classes DE, 30% da C e 18% das AB reportaram que “sempre ou quase sempre” sentem a velocidade da conexão ficar ruim.
Já 22% argumentam que “sempre ou quase sempre” ficam sem Internet porque os créditos do celular acabaram.
A proporção foi 15% para usuários das classes AB, de 19% para os entrevistados da classe C, e de 28% para os das classes DE.
Além disso, 25% dos usuários das classes DE alegaram ter deixado de fazer alguma atividade online com medo de os créditos terminarem.
A pesquisa mostrou ainda que 11% do total de crianças e adolescentes que são usuárias de Internet reportaram ter ficado sem celular ou computador para acesso à rede “sempre ou quase sempre”.
Ao fazer o recorte desse indicador por classe social, os resultados foram: 14% para a DE, 12% para a C e 2% para as AB.
“A questão central não é apenas ter acesso à Internet ou não, mas que crianças e adolescentes brasileiros tenham condições de acesso apropriadas para uma conectividade significativa, que lhes permita desenvolverem habilidades digitais e se beneficiarem da participação online. O limite no acesso pode restringir direitos fundamentais dessa população na sociedade da informação”, analisa o gerente do Cetic.br e NIC.br, Alexandre Barbosa.
Incômodo com coisas que acontecem na web
Em relação ao bem-estar online de crianças e adolescentes, 19% da população de 9 a 17 anos reportaram que “sempre ou quase sempre” ficam chateados ou incomodados com coisas que acontecem na Internet. As proporções foram maiores para usuários de 17 a 15 anos (22%), comparados aos de 11 a 12 anos (14%).
Mais de 80% usa redes sociais
Dos cerca de 24 milhões (92%) de crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos usuários de Internet, 88% reportaram possuir perfil em redes sociais (o que representa aproximadamente 21 milhões). A participação em redes sociais ocorre em altas proporções em todas as faixas etárias, atingindo quase a totalidade dos usuários de Internet de 15 a 17 anos (98%).
Ouvir música (87%) e assistir a vídeos, programas, filmes ou séries (82%) figuram entre as práticas online mais realizadas por esse público, atividades multimídias amplamente presentes nas plataformas digitais. O estudo revelou ainda que 79% enviaram mensagens instantâneas, 73% usaram alguma rede social e 58% jogaram conectados com outros jogadores.
Preocupação com saúde
A pesquisa ainda indica que 34% dos entrevistados de 11 a 17 anos procuraram informações sobre saúde na Internet nos 12 meses anteriores à realização do estudo, e 39% afirmam que a Internet os ajudou a lidar melhor com um problema de saúde.
Maioria usa celular para acessar a internet
Em relação aos dispositivos usados para se conectar à Internet, o telefone celular foi o mais utilizado por crianças e adolescentes (96%), sendo que foi o único dispositivo utilizado por 53% dos usuários.
O acesso à rede pelos usuários de 9 a 17 anos via computadores foi de 43%, porcentagem menor do que os que se conectaram pela televisão (63%).
O acesso à Internet pela televisão foi maior nas classes AB (91%) — as proporções para as classes C e DE foram de 70% e de 41%, respectivamente.
Habilidades digitais e informacionais
A TIC Kids Online Brasil 2022 também investigou a percepção de crianças e adolescentes sobre suas habilidades digitais. Em geral, os usuários de Internet de 11 a 17 anos se mostram confiantes quanto a habilidades consideradas operacionais ? como baixar aplicativos (94%), e se conectar a uma rede Wi-Fi (90%).
Quando a pergunta foi se sabiam como verificar o valor gasto em um aplicativo, a porcentagem foi reportada pela menor parte dos entrevistados (46%).
Entre as habilidades informacionais, a proporção dos usuários de 11 a 17 anos que relataram saber escolher que palavras usar para encontrar algo na Internet foi de 77%. O percentual daqueles que reportaram que sabiam verificar se uma informação encontrada na rede estava correta foi menor (57%), assim como dos que afirmaram saber checar se um site era confiável (62%).
Maior parte dos jovens sabe como funcionam plataformas digitais
Na edição de 2022, o estudo traz indicadores inéditos sobre o conhecimento de crianças e adolescentes sobre o funcionamento das plataformas digitais. Aproximadamente metade (51%) dos entrevistados de 11 a 17 anos concordou que todos encontram as mesmas informações quando pesquisam coisas na Internet, enquanto para 43% deles o primeiro resultado da pesquisa é sempre a melhor fonte de informação.
Ainda conforme o levantamento, 60% nessa faixa etária concordaram que curtir ou compartilhar uma publicação pode ter um impacto negativo em outras pessoas, enquanto metade dos entrevistados dessa faixa etária concordaram que a primeira publicação vista nas redes sociais é a última que foi postada por um de seus contatos.
Já 74% concordaram que empresas pagam pessoas para usar seus produtos nos vídeos e conteúdos publicados na rede, e 61% que usar hashtags aumenta a visibilidade de publicações.
“Nesta edição, houve maior detalhamento na coleta de indicadores sobre as habilidades digitais, que são fundamentais para compreender a participação de crianças e adolescentes no ambiente online. De modo geral, a pesquisa indica uma maior prevalência de habilidades operacionais em comparação às habilidades informacionais, que são aquelas que possibilitam maior resiliência dos usuários frente ao fenômeno da desinformação”, destaca Barbosa.
Em 2022, a pesquisa TIC Kids Online Brasil passou a investigar a percepção dos entrevistados sobre atitudes e estratégias para a proteção de sua privacidade no uso da rede. Segundo a pesquisa, 79% dos usuários de Internet de 11 a 17 anos concordaram que são cuidadosos com informações pessoais que postam, e 73% com os convites de amizade que aceitam na Internet.
Nessa mesma faixa etária, 77% declararam que só utilizam aplicativos ou sites em que confiam, e 76% que são cuidadosos com os links de vídeos em que clicam.
Um percentual menor de entrevistados reportou que fornecem apenas o mínimo de informações pessoais possível ao se registrarem online (58%), e que leem os termos de privacidade de aplicativos ou sítios web que usam (55%).
Quanto às estratégias adotadas para proteger a sua privacidade, mais da metade dos usuários de 11 a 17 anos reportou ter bloqueado mensagens de alguém com quem não queriam conversar (63%); ter usado de senhas seguras (58%) e alterado as configurações de privacidade para que menos pessoas pudessem ver o seu perfil (52%).
Em menores proporções, indivíduos da mesma faixa etária afirmaram já terem excluído os seus registros de históricos de busca (38%) e escolhido usar aba anônima ou privada em um navegador da Web (18%).
A TIC Kids Online Brasil cumpre um importante papel ao gerar evidências sobre o uso da Internet por crianças e adolescentes no país, incluindo a percepção delas sobre temas como a privacidade no uso da rede, tão relevante neste momento”, ressalta Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.
Na pesquisa, 2.604 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos foram ouvidas presencialmente, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. O levantamento completo pode ser acessado clicando aqui.
A pesquisa conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e de pesquisadores vinculados a universidades brasileiras e estrangeiras.
Fonte: SBT News
Tags: adolescente, comportamento, crianças