Uma nova tecnologia promete dar maior autonomia a pessoas com mobilidade parcial ou reduzida. Trata-se de um exoesqueleto batizado de Atalante que funciona como um suporte para que pessoas com algum tipo de paralisia possam ficar de pé, eretas, e se moverem de maneira multidirecional e com braços livres.
A proposta é um projeto de três estudantes de engenharia fundadores da startup francesa Wandercraft, criada em 2012. O equipamento possibilita a locomoção de pessoas que perderam movimentos do corpo e que precisam aprimorá-los em consequência, por exemplo, de sequelas de AVC (acidente vascular cerebral), lesão medular, Parkinson, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, traumatismo crânioencefálico, entre outros.
A ideia é dar a possibilidade de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida terem uma tecnologia que possibilite movimentos em múltiplas direções. O objetivo é que futuramente, usando o exoesqueleto, os usuários também possam realizar tarefas do dia a dia, como atividades domésticas, permitindo assim mais autonomia e longevidade.
Segundo a Wandercraft, o equipamento já foi usado para tratar mais de 330 pessoas no ano passado.
A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que ficou tetraplégica aos 26 anos após um acidente de carro, experimentou e caminhou com o equipamento durante uma missão oficial nos Estados Unidos, ocorrida nesta semana. Segundo a parlamentar, a tecnologia é, de fato, inovadora.
“Não sou a mesma pessoa depois de testar esse equipamento. São 28 anos desafiando a inércia e a gravidade desde que quebrei o pescoço. Sempre trabalhei para resgatar movimentos. Chegar ao momento de andar com o auxílio de uma tecnologia que usa a força do meu próprio corpo é a prova de que todo esforço valeu a pena. É um universo de possibilidades que se abre”, afirmou.
Mara fez muitos anos de fisioterapia e exercícios físicos diários para conseguir, 21 anos depois do acidente, a recuperação parcial dos movimentos nos braços. O resultado desta dedicação é a habilidade de pilotar a própria cadeira de rodas sem a necessidade de alguém que a empurre.
A principal inovação do Atalante é que ele dispensa o uso de andadores. O paciente “veste” o exoesqueleto e uma vez que o robô contém um sistema de controle de equilíbrio, permite maior estabilidade. Isto é, mesmo que o paciente se incline e faça movimentos com o tronco, o robô mantém o equilíbrio sem cair.
O equipamento funciona com uma programação de acordo com o objetivo do paciente. Ele pode se inclinar, sentar e levantar, andar de frente, de costas e de lado, além de subir degraus. Essa condição é crucial para que o Atalante seja usado por pessoas com diferentes tipos de comprometimento de mobilidade.
Sobre o futuro de como seria o acesso de todos os brasileiros ao Atalante, a senadora aposta na ideia de criar “walk centers”, locais que funcionariam como centros de condicionamento físico ou de ginástica voltados às pessoas com e sem deficiência. “Esses centros seriam vinculados às universidades públicas, que já possuem estrutura tanto de reabilitação quanto para a prática esportiva”, afirmou Gabrilli.
Fonte: SBT News