No Maranhão, somente em 2025 já foram diagnosticados 351 casos de câncer de mama; em 2024, foram totalizados 2.021 casos.
-dezembro 15, 2025
No Maranhão, somente em 2025 já foram diagnosticados 351 casos de câncer de mama; em 2024, foram totalizados 2.021 casos.
Ao começar a fazer arte na pele dos clientes, a tatuadora Juliana Dias tinha uma ideia muito clara: o desejo de colaborar na autoestima das pessoas. Parte disso se dá com o Projeto Íris, iniciativa de reconstrução de aréola por tatuagem artística para mulheres que tiveram câncer de mama.
“Desde que comecei na tatuagem, ainda como aprendiz, já tinha ouvido falar de projetos de reconstrução de aréola em outros estados e países. Sempre achei uma iniciativa linda e necessária. Cheguei a sugerir essa ideia em alguns estúdios onde trabalhei, mas, por diversos motivos, nunca saía do papel”, explica a tatuadora.
Com a dificuldades, ela abriu o próprio ateliê em 2022 e passou a trabalhar com o objetivo de viabilizar o sonho. Mesmo com a aplicação da mesma técnica que ela utilizava nas tatuagens realistas, Juliana precisava de testes em pessoas reais, mas não queria fazer o experimento em alguém que de fato precisasse da reconstrução.
“Comentei sobre isso com a minha amiga Jennifer, que também é tatuadora, e ela se prontificou a me ajudar. Ela tem uma perna que brinca ser sua ‘área de testes’ para tatuagem, e topou que eu fizesse ali uma aréola realista, em formato de coração, perto do joelho”, relembra Juliana.
Após o primeiro passo, foi possível demonstrar para as mulheres interessadas na reconstrução como ficaria o resultado. Com isso, o projeto, inicialmente chamado “Me Amo”, entrou em vigor. O valor simbólico de R$ 50 para ajudar na cobertura dos custos básicos do estúdio garantia a recuperação da autoestima de quem teve parte do corpo danificada pelos procedimentos necessários no tratamento do câncer.

Agora nomeada “Projeto Íris”, em alusão à deusa da mitologia grega representa a ponte entre mundos diferentes, entre o humano e o divino, a proposta passa a ser oferecida de forma totalmente gratuita.
“Ao adotar esse nome, quis trazer essa imagem de renascimento, de reconexão com o próprio corpo e com a própria história, algo que é exatamente o que acontece com cada mulher que passa por essa reconstrução.”
No Maranhão, milhares de mulheres são diagnosticadas com a doença anualmente. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), somente em 2025 já foram diagnosticados 351 casos de câncer de mama no estado. Em 2023, foram registrados 2.519 casos e outros 2.021 caso no ano passado. Na rede estadual, são oferecido tratamentos como quimioterapia, cirurgias, imunoterapia, hemodiálise e radiointervenção, além de abordagens clínicas e medicamentosas.
E no quesito da saúde existem tratamentos como os citados acima, projetos como o de Juliana viabilizam, também, a melhora estética tão desejada no próprio corpo e fundamental para a autoestima feminina. Ao todo, a tatuadora conta que já atendeu em torno de 25 mulheres em três anos, sempre respeitando período de recuperação pós-operatória e acreditando na força social da iniciativa.
“O Projeto Íris nasceu com o desejo de incentivar mulheres a se olharem novamente com carinho e amor, e também com a esperança de inspirar outros profissionais a desenvolverem projetos semelhantes. Acredito que correntes do bem começam assim: com um ponto de partida, com alguém disposto a dar o primeiro passo.”
Contato: @julianadiastattoo