Rússia aceita ampliar acordo para exportar grãos da Ucrânia
Rússia aceita ampliar acordo para exportar grãos da Ucrânia
A Rússia aceitou nesta segunda-feira (13) uma extensão do acordo que permite a exportação de grãos da Ucrânia a partir do Mar Negro, ainda que somente por um prazo de 60 dias. Moscou quer impor condições para renovar o pacto, considerado fundamental para impedir uma crise alimentar global.
O acordo intermediado pela ONU e pela Turquia, assinado por Moscou e Kiev em julho do ano passado, possibilitou a passagem de navios carregados de produtos agrícolas para abastecer o mercado internacional, evitando o agravamento de uma crise que ameaçava os estoques globais de alimentos.
Em novembro, o acordo que selou a chamada Iniciativa do Mar Negro foi ampliando por um prazo de 120 dias, que se encerra no dia 18 de março.
O prazo reduzido da nova ampliação foi criticado pelo ministro ucraniano da Infraestrutura, Oleksandr Kubrakov. Após as negociações, ele disse que o prazo de 60 dias “contradiz o documento assinado pela Turquia e pela ONU”.
Desde julho, em torno de 24,1 milhões de toneladas foram exportadas a partir dos portos ucranianos, em mais de 1,6 mil viagens de navios, informou a ONU. Segundo a entidade, mais da metade das exportações tiveram como destino países em desenvolvimento.
Moscou vem demonstrando frustração com o acordo, que, segundo o Kremlin, fracassou em permitir por completo as exportações russas de grãos e fertilizantes através do Mar Negro.
Mesmo assim, as exportações russas de trigo se aproximaram em novembro, dezembro e janeiro, de níveis recorde, com alta em 24%. A Rússia, porém, alega que as sanções impostas pelo Ocidente contra outros setores da economia prejudicam o escoamento de seus produtos.
“Nossa posição futura será determinada pelo progresso tangível da normalização de nossas exportações de produtos agrícolas, não através de palavras, mas de ações”, disse o vice-ministro russo do Exterior, Serguei Vershinin.
“Isso inclui pagamentos bancários, logística de transporte, seguros, descongelamento de atividades financeiras e dos estoques de amônia”, acrescentou. Moscou também diz que os produtos ucranianos são destinados principalmente para países ricos, o que, segundo alega, seria contra os princípios do acordo.
O porta-voz da ONU Stephane Dujarric disse que a entidade trabalha para facilitar as exportações russas de produtos agrícolas, mas que, apesar de as sanções não atingirem os grãos e fertilizantes russos, as empresas privadas têm hesitado em negociar com Moscou.
Fonte: DW Brasil