O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou o comunicado do Banco Central divulgado junto à manutenção da taxa de juros em 13,75%. No texto, publicado após fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC sinaliza um possível aumento da Selic no futuro. Segundo Haddad, o posicionamento é preocupante, e pode comprometer o resultado fiscal.
O comunicado preocupa bastante, a depender das próximas decisões, nós vamos comprometer o resultado fiscal. Porque, daqui a pouco, vai ter problemas das empresas para vender e cobrar impostos. Nossa preocupação é essa e nós vamos levar ao Banco Central.
Haddad também disse que na análise do governo, o mais recomendado para a economia seria buscar o equilíbrio das contas, e questionou a manutenção dos juros em um patamar elevado. “No momento em que a economia está retraindo, o Copom chega a sinalizar uma subida da taxa de juros. Lemos com muita atenção, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”, pontuou.
O ministro ainda disse ter boa expectativa com apresentação das mudanças em regras fiscais, prevista para depois da viagem que fará ao lado de Lula à China – e negou que a ação do governo em postergar o anúncio tenha relação com a decisão do Banco Central.
“Isso não pode ter feito parte das considerações ao Copom neste momento, estamos com toda cautela, consultas, recomendadas pelo presidente da República que já foram feitas”, defendeu.
Mais cedo, o Copom manteve a taxa de juros em 13,75% ao ano pela sexta vez consecutiva – a Selic está no mesmo patamar desde agosto de 2022. A continuidade da taxa tem sido questionada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Indústria também questiona
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “equivocada” a decisão do Copom em manter a taxa de juros. “O cenário atual indica que o Copom já deveria ter reduzido a Selic nesta reunião”, diz trecho do comunicado. A CNI também afirmou ter expectativa para que a Selic seja revista no próximo encontro do comitê, previsto para maio.
“A taxa básica de juros no patamar atual foi um dos fatores determinantes para a desaceleração da atividade econômica no final de 2022, com destaque para a retração de 0,2% no PIB do último trimestre. E seguirá sendo um limitador significativo para o crescimento da atividade em 2023, quando as previsões para o PIB indicam alta de apenas 0,88%, segundo o Boletim Focus do BC”, destaca a CNI.
Fonte: SBT News
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