A Polícia Civil indiciou a empresária Danielly Medeiros por sequestro, trabalho análogo ao escravo e tortura física e psicológica contra afilhada, Janaína dos Santos, durante 15 anos em Teresina. A conclusão do inquérito aconteceu 9 dias após o resgate da vítima, nessa quinta (1º).

Segundo o delegado Odilo Sena, titular do 6º DP, os crimes foram constatados com base em depoimentos de testemunhas, da vítima e coleta de outras provas na residência onde vivia a vítima e a indiciada.

“É fato que durante todo esse tempo esses crimes foram cometidos contra ela. Várias testemunhas relataram inclusive que chegaram a tentar denunciar o caso diversas vezes, mas nada foi feito”, destacou o delegado.

Conforme Sena, a jovem era mantida na casa sem poder sair, manter vínculo social ou estudar, o que configura o crime de sequestro. A pena para o crime deve ser agravada no caso, conforme previsto no código penal, porque Janaína foi submetida à situação por mais de 15 anos e porque a situação se iniciou quando ela ainda tinha menos de 18 anos.

Ela também sofreu agressões e xingamentos e humilhações contantes que, conforme a investigação, foram constatados como crimes de tortura física e psicológica.

Além disso, segundo o delegado, ela era obrigada a fazer serviços domésticos como limpar a casa e cuidar dos filhos da indiciada. Além de não ter descanso, Janaína contou nunca ter recebido remuneração pelo trabalho. Por isso, o indiciamento por situação análoga à de escrava.

Quanto ao último crime, o Ministério Público do Trabalho também está investigando o caso.

Cárcere privado

A jovem foi mantida em situação análoga à de escravidão, em cárcere privado e apanhava quase diariamente durante 15 anos. A madrinha da jovem, Danielly Medeiros, está presa temporariamente pelos crimes.

A jovem foi tirada de casa aos 12 anos durante um feriado da Semana Santa, inicialmente, apenas para passar alguns dias com a madrinha em Teresina.

Ela vivia com os pais e seis irmãos mais novos na cidade de Chapadinha, no Maranhão, para onde nunca mais voltou. Começou então uma rotina de escravidão, agressões, ameaças e perda de qualquer liberdade.

Janaína estudava enquanto vivia na casa dos pais, mas desde que veio para Teresina nunca mais foi à escola, não aprendeu a ler e escrever nem teve qualquer convivência com outras crianças ou adolescentes. Ela contou que era impedida de sair de casa e fazer amizades e era obrigada a realizar todas as tarefas domésticas na casa de Danielly, sem qualquer remuneração.

Tags: empresaria, maranhense, piauí