Transporte de passageiros concentra 58% dessas pessoas.
-dezembro 18, 2025
Transporte de passageiros concentra 58% dessas pessoas.
O número de pessoas que trabalham por meio de aplicativos aumentou 25,4% entre 2022 e 2024, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período, o total de trabalhadores nessa condição passou de 1,3 milhão para quase 1,7 milhão — um acréscimo de 335 mil pessoas.
A participação desses profissionais no total da população ocupada também cresceu. Em 2022, os trabalhadores por aplicativo representavam 1,5% dos 85,6 milhões de ocupados. Em 2024, passaram a corresponder a 1,9% dos 88,5 milhões de trabalhadores brasileiros.
O levantamento integra o módulo sobre trabalho por plataformas digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), elaborado pelo IBGE em parceria com a Unicamp e o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Segundo o analista responsável pelo estudo, Gustavo Fontes, o avanço pode ser explicado pela busca por maior renda e pela flexibilidade de horários e locais de trabalho que essa modalidade oferece.
“A possibilidade de escolher os dias, a jornada e o local de trabalho pode ser um fator que atrai mais pessoas para esse tipo de atividade”, afirma Fontes.
O IBGE identificou quatro tipos principais de aplicativos utilizados pelos trabalhadores. O transporte particular de passageiros lidera a lista:
A categoria de “serviços profissionais” inclui atividades como design, tradução e telemedicina, quando médicos realizam consultas por plataformas digitais.
Cerca de 72,1% dos trabalhadores por aplicativo atuam como operadores de máquinas e montadores — grupo que abrange motoristas e motociclistas.
A pesquisa também aponta que a informalidade é muito mais alta entre os chamados plataformizados. Enquanto 44,3% da população ocupada no país trabalha de forma informal, entre os que atuam por aplicativos o índice chega a 71,1%.
Entre esses profissionais:
A proporção de trabalhadores por conta própria é três vezes maior que na média geral (28,1%). Em 2024, 5,7% de todos os autônomos utilizavam plataformas digitais como principal meio de trabalho.
O levantamento mostra que 83,9% dos trabalhadores por aplicativo são homens, enquanto as mulheres representam 16,1%. Na população ocupada em geral, 58,8% são homens e 41,2% mulheres.
A predominância masculina, segundo o pesquisador Gustavo Fontes, se explica pela forte presença de homens nas atividades de transporte e entrega.
Em relação à faixa etária, 47,3% têm entre 25 e 39 anos, e 36,2% entre 40 e 59 anos. Quanto à escolaridade:
A Região Sudeste concentra 53,7% dos trabalhadores por aplicativo, seguida por Nordeste (17,7%), Sul (12,1%), Centro-Oeste (9%) e Norte (7,5%). O Sudeste é a única região onde a participação dos plataformizados (2,2%) supera a média nacional (1,9%).
O levantamento, realizado no terceiro trimestre de 2024, considerou apenas pessoas que têm os aplicativos como principal fonte de trabalho — ou seja, não inclui quem usa essas plataformas apenas para complementar renda.
A pesquisa ainda é classificada pelo IBGE como experimental, ou seja, em fase de teste e aperfeiçoamento. A próxima edição, prevista para 2025, deve incluir informações sobre plataformas de comércio eletrônico.
A relação entre motoristas de aplicativo e plataformas digitais é tema de discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte deve decidir, no início de novembro, se há vínculo empregatício entre as partes.
Enquanto representantes dos trabalhadores denunciam a precarização das condições de trabalho, as empresas e a Procuradoria-Geral da República (PGR) sustentam que não há relação de emprego.