A polícia religiosa do Talibã queimou vários instrumentos musicais na província de Herat, no oeste do Afeganistão, segundo uma reportagem da agência de notícias estatal Bakhtar publicada neste domingo (30/07).
O líder do Ministério para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício na província, Sheikh Aziz al-Rahman al-Muhajir, justificou que a música leva à “desorientação da juventude e à destruição da sociedade”, podendo corromper as pessoas, de acordo com citações da reportagem.
Imagens divulgadas pelo ministério talibã mostram autoridades reunidas em torno de uma pilha de instrumentos musicais e caixas de som em chamas, entre eles guitarras e órgãos.
O Talibã, durante seu primeiro regime no Afeganistão, entre 1996 e 2001, chegou a proibir a música não religiosa no país – que tem uma forte tradição musical, influenciada principalmente pela música clássica iraniana e indiana.
O Afeganistão também tem uma cena de música pop próspera, que adiciona instrumentos eletrônicos e batidas dançantes a ritmos mais tradicionais.
Ambos os segmentos musicais floresceram nos últimos 20 anos no país, antes de o Talibã retomar o poder em agosto de 2021, na esteira da retirada das forças dos Estados Unidos e da Otan do território afegão.
Alunos e professores do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, que já foi famoso por sua inclusão, não voltaram às salas de aula desde a retomada do poder pelos talibãs. Muitos músicos também fugiram do país temendo a repressão.
Direitos cerceados
Dois anos atrás, o Talibã prometeu um governo mais moderado do que quando esteve no poder no fim da década de 1990. O grupo disse, por exemplo, que não minaria os direitos das mulheres e das minorias. Mas, em vez disso, reintroduziu medidas duras de acordo com sua estrita interpretação da lei islâmica, a sharia.
Nesses quase dois anos, o Talibã realizou execuções públicas, proibiu a educação de meninas além da sexta série e também baniu as mulheres da maioria das formas de emprego.
Recentemente, o regime anunciou que todos os salões de beleza femininos – fonte de renda de milhares de mulheres afegãs – deveriam ser fechados porque ofereciam serviços proibidos pelo Islã.
Fonte: DW Brasil
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