Agentes dos serviços secretos da Rússia se infiltraram em protestos ou mesmo encenaram manifestações em grandes cidades europeias para fazer propaganda, noticiaram neste domingo (07) os jornais Le Monde e Süddeutsche Zeitung, em conjunto com outros veículos da imprensa europeia.
A informação se baseia em documentos repassados a jornalistas pela organização Dossier Center, de Mikhail Khodorkóvsky, um crítico do presidente Vladimir Putin, e teriam origem no aparato de segurança do Kremlin.
Entre os objetivos das manifestações encenadas estariam desacreditar a Ucrânia, a União Europeia ou a Turquia ou dificultar a entrada da Suécia na Otan.
Segundo os documentos, o Kremlin teria recomendado a agentes secretos russos que forjassem manifestações em grandes cidades europeias.
Por exemplo, pequenos grupos de pessoas contratadas teriam feito manifestações contra a Turquia e o presidente Recep Tayyip Erdogan, fazendo-se passar por ucranianos, para gerar imagens de propaganda para as redes sociais e passar a impressão de que há um amplo sentimento anti-islâmico na Europa.
Um exemplo seria um protesto de supostos membros da comunidade ucraniana na Praça Saint Pierre, em Paris, em 5 de março, no qual pessoas usando balaclavas protestaram contra Erdogan fazendo a saudação nazista e ainda zombaram de vítimas do terremoto de fevereiro passado.
Agentes infiltrados
Segundo os documentos, agitadores também teriam se infiltrado em manifestações sobre os mais variados temas, como falta de cuidadores, reforma da Previdência e mudanças climáticas, para difundir propaganda direcionada contra o apoio à Ucrânia.
Um exemplo é uma manifestação contra a reforma da Previdência na França, ocorrida em 11 de fevereiro na Praça da República, em Paris, na qual um homem infiltrado exibe um cartaz com os dizeres “União Europeia, Estados Unidos, parem de financiar a guerra na Ucrânia”. Esse mesmo homem participou do protesto de 5 de março, dessa vez fazendo uma saudação nazista.
Novamente, o objetivo seria gerar material de propaganda para plataformas de internet. Os documentos listam várias cidades, incluindo Paris, Haia, Bruxelas e Frankfurt, nas quais as mesmas pessoas apareceram segurando cartazes parecidos.
Fotos desses falsos manifestantes circularam em redes sociais, como Facebook, TikTok, Telegram e Youtube, dando a impressão de que muitas pessoas na Europa Ocidental não apoiam a Ucrânia na guerra contra a Rússia.
Os repórteres conseguiram identificar três contas, controladas pela cidade russa de São Petersburgo, como sendo a origem do conteúdo difundido nas redes sociais.
Segundo o Süddeutsche Zeitung, o Kremlin não comentou as denúncias.
Fonte: DW Brasil
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