Milhares de armênios étnicos deixaram Nagorno-Karabakh em direção à Armênia depois que o Azerbaijão consolidou com uma rápida investida militar o controle sobre o enclave historicamente disputado, informou o governo de Yerevan nesta segunda-feira (25/09).

A fuga provocou filas em postos de combustíveis e um grande congestionamento na estrada que liga a região à Armênia.

Até segunda-feira, 6.650 refugiados haviam sido registrados na Armênia, disse o governo no Facebook. No domingo, o número era de cerca de mil. Cerca de 1.100 receberam abrigo de emergência do governo armênio e outros mil encontraram suas próprias acomodações. O governo prometeu fornecer acomodação a todos, sendo que cerca de 4 mil já foram considerados necessitados, de acordo com a declaração.

Líderes dos cerca de 120 mil armênios que vivem em Nagorno-Karabakh afirmaram à agência de notícias Reuters que não queriam viver sob o governo do Azerbaijão e deixariam a região por receio de sofrerem perseguição e limpeza étnica. O enclave já era reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão.

O Azerbaijão nega acusações de limpeza étnica e diz que garantirá os direitos dos armênios que permanecerem no enclave, mas muitos refugiados que chegaram à Armênia disseram não ter intenção de voltar.

Explosão de tanque de combustível

Pelo menos 200 pessoas ficaram feridas e um número não especificado de pessoas morreu em uma explosão em um tanque de combustível perto de Stepanakert, informou o escritório do comissário de direitos humanos da República não reconhecida de Artsakh na noite de segunda-feira. A causa da explosão não estava clara.

Imagens que circularam nas mídias sociais mostraram grandes labaredas. O político Metakse Akopjan disse que, no momento do acidente, muitas pessoas estavam na fila para abastecer no local porque queriam dirigir até a Armênia.

Apoio da Turquia ao Azerbaijão

Na segunda-feira, representantes de Nagorno-Karabakh e do Azerbaijão se reuniram pela segunda vez em poucos dias, desta vez na cidade de Khojaly, na região em disputa. Uma primeira reunião na cidade azerbaijana de Yevlakh, na semana passada, não trouxe resultados tangíveis. O resultado da segunda reunião, novamente sob mediação russa, inicialmente não ficou claro.

Também na segunda-feira, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, reuniu-se com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, seu aliado. O gabinete presidencial turco disse que a reunião serviu para discutir os últimos “acontecimentos” em Nagorno-Karabakh.

Erdogan parabenizou seu colega pelo “sucesso histórico” da rápida operação militar, de acordo com a agência de notícias estatal turca Anadolu, enquanto Aliyev disse que a região estava indo na direção certa graças, em parte, ao apoio turco.

Aliyev disse que não haveria perseguição étnica aos armênios, assegurando que todos os habitantes de Nagorno-Karabakh seriam tratados como azerbaijanos, independentemente de sua nacionalidade.

Fonte: DW Brasil

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