Israel executou ataques aéreos em dois aeroportos da Síria, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (12/10) pela mídia estatal local, citando uma fonte militar, depois parcialmente confirmadas pelo embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor. Os ataques teriam ocorrido de forma simultânea e danificado as pistas dos dois principais aeroportos do país, Damasco e Aleppo.
Em declaração ao jornal alemão Die Welt, Prosor não confirmou o ataque em Aleppo, mas disse que o alvo da operação no aeroporto de Damasco foram “carregamentos de armas do Irã com mísseis e drones”.
“Já fizemos isso no passado, algumas vezes por semana”, afirmou, classificando como “intensivo” o fornecimento de armas por parte do Irã para a Síria e o Líbano: “É por isso que temos tantas armas e mísseis na região”, complementou.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, ao ser questionado se haveria também outros potenciais alvos em território sírio, Prosor respondeu que as ações se restringem apenas a “coisas que têm ligação direta com Israel”: “Esses mísseis e esses drones são usados contra Israel. E nós atacamos diretamente esses carregamentos de armas. Mas estamos fazendo isso há muito tempo.”
A mídia estatal síria tratou os ataques israelenses aos aeroportos de Damasco e Aleppo como uma “tentativa desesperada” de Israel para “desviar a atenção” do conflito com o grupo radical islâmico Hamas.
Esses foram os primeiros ataques na Síria desde o início do conflito entre Israel e Hamas, que no último sábado promoveu atentados terroristas que deixaram mais de mil mortos em território israelense.
Devido à investida do Hamas, Israel passou a bombardear Gaza, sitiando o enclave palestino que tem cerca de 2 milhões de habitantes. Em apenas seis dias, o conflito já deixou mais de 2.500 mortos de ambos os lados.
Autoridades palestinas alertam que o cerco israelense tem deixado a população civil à beira de uma “catástrofe humanitária”. Os ataques retaliatórios de Israel ao Hamas têm provocado cortes no abastecimento de comida, água, combustível e energia, e o número de deslocados ultrapassa 330 mil.
“Mensagem clara”
Depois dos ataques terroristas promovidos pelo Hamas no em 7 de outubro, mísseis contra alvos israelenses foram disparados também a partir do território sírio. De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, os ataques vieram de grupos palestinos na Síria.
Para Ramy Abdel Rahman, fundador do observatório, os ataques israelenses na Síria enviam uma “mensagem clara” ao Irã, ao governo sírio e ao Hisbolá: “Esse sinal israelense chegou ao regime. Não creio que veremos qualquer resposta síria a esses ataques, pelo menos por enquanto. O ataque é um alerta: os aeroportos serão completamente destruídos se o regime sírio atacar Israel nas Colinas de Golã.”
Há décadas existe um conflito entre Israel e Síria na região das Colinas de Golã, um planalto montanhoso de 1.200 quilômetros quadrados com vista para o Líbano, a Síria e o Vale do Jordão. Importante em termos estratégicos, a área foi conquistada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexada na década de 80.
Bombardeios desde 2011
Desde o início da guerra civil síria, em 2011, Israel realizou diversos ataques aéreos, tendo como principais alvos os combatentes da milícia Hisbolá e outros grupos pró-Irã, bem como posições do Exército sírio.
O governo israelense dificilmente confirma os ataques, mas tem repetidamente afirmado que não pretende tolerar a expansão da influência iraniana na Síria. O Irã é acusado por Israel e pelos países ocidentais de apoiar o Hamas, que governa a sFaixa de Gaza, de onde partiram os recentes ataques terroristas a Israel. O Irã nega qualquer envolvimento.
Em ataques executados nos últimos anos por Israel, os aeroportos de Damasco e Aleppo, controlados pelo governo sírio, já haviam sido atingidos. O de Aleppo ficou fora de operação pela última vez após bombardeios em 28 de agosto, e o de Damasco, em 2 de janeiro.
Fonte: DW Brasil
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