O pintor e escultor colombiano Fernando Botero, um dos artistas latino-americanos mais influentes do século 20, morreu aos 91 anos, em sua casa em Monte Carlo, no principado de Mônaco. A notícia foi dada nesta sexta-feira (15) pelo jornalista Julio Sánchez Cristo, da rádio colombiana W Radio, e confirmada pelo jornal espanhol El Pais, que informou que ele se recuperava de uma pneumonia recente.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também anunciou a morte do artista e lamentou a perda de um dos observadores mais agudos da conjuntura colombiana.
“Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e paz. Da pomba rejeitada mil vezes e mil vezes colocada em seu trono”, escreveu no X, antigo Twitter, em referência a escultura “O pássaro” de Botero destruída em um ataque a bomba em Medellin, que deixou 26 mortos e mais de cem feridos durante os tempos de narcoterrorismo no país. A pedido do artista, a escultura permaneceu danificada. Ao lado, Botero colocou outra escultura, chamada simbolicamente de “O Pássaro da Paz”
Botero
Nascido em Medellín em 19 de abril de 1932, Botero é o mais conhecido pintor colombiano do século 20. Ele caracterizou suas obras com a representação de figuras obesas ou arredondadas e foi um autêntico representante do realismo mágico latino-americano, com suas referências a freiras, padres, militares, prostíbulos, e à vida nos vilarejos.
Como ele mesmo afirmou em 1967: “Sou um protesto contra a pintura moderna e, no entanto, utilizo o que está escondido nas suas costas: o jogo irônico com tudo o que é absolutamente conhecido por todos. Pinto de forma figurativa e realista, mas não no sentido plano de fidelidade à natureza. Nunca dou uma pincelada que não descreva algo real: uma boca, um morro, um jarro, uma árvore. Mas o que descrevo é uma realidade encontrada por mim. Poderia ser formulado desta forma: descrevo de forma realista uma realidade não realista.”
De acordo com a biografia do artista feita pela Banrepcultural da Colômbia, as primeiras obras conhecidas de Botero são desenhos: as ilustrações para o suplemento literário do jornal El Colombiano de Medellín. Em 1951, mudou-se para Bogotá, expôs pela primeira vez individualmente na galeria Leo Matiz, apresentando aquarelas, guaches, nanquim e pinturas a óleo. No IX Salão Nacional, realizado em 1952, Botero conquistou o segundo prêmio em Pintura com o óleo Frente al mar. Ele tinha então 20 anos e decidiu viajar para a Europa. Esteve brevemente na Academia San Fernando em Madrid e depois na Academia San Marcos em Florença. Recebeu aulas de arte do Quattrocento italiano com Roberto Longhi.
Segundo informações do portal contemporâneo da América Latina e Caribe, ele permaneceu na Europa até 1955, quando se mudou para o México, onde recebeu a influência do movimento muralista e, a partir daí, a vasta produção do artista foi marcada por sua deliberada aversão à arte contemporânea e pelo gosto pela pintura clássica e pela arte popular, de tradição pré-colombiana, ligada a um imaginário do período colonial e distante dos consagrados “ismos” — uma arte peculiarmente provinciana, mas de alcance mundial.
Em 1961 se estabeleceu em Nova York, onde trabalhou por doze anos; depois se mudou para Paris. Em 1977, expôs pela primeira vez suas esculturas, no Grand Palais de Paris. Em 1979, foi realizada uma grande exposição de sua obra no Museu Hirshhorn de Washington.
Em 2020, doou 208 obras, 123 de sua autoria e 85 de destacados artistas internacionais, ao Banco da República da Colômbia. As obras estão expostas desde então no Museu Botero, localizado em Bogotá, capital do país.
Fonte: SBT News
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