A Austrália anunciou uma ampla repressão aos vaporizadores, vapers ou cigarros eletrônicos nesta terça-feira (02), acusando as empresas de tabaco de fisgar a próxima “geração de viciados em nicotina” ao visar deliberadamente os adolescentes.
Anunciado como a maior reforma antifumo do país em uma década, a Austrália proibirá vapers descartáveis de uso único, interromperá as importações de versões sem receita e restringirá a quantidade de nicotina que os cigarros eletrônicos podem conter.
A Austrália está há muito tempo na vanguarda das tentativas de erradicar o fumo e, em 2012, tornou-se o primeiro país a introduzir leis de “embalagem simples” para cigarros – uma política copiada pela França, Grã-Bretanha e outros países.
Mas nos últimos anos, a Austrália tem lutado para conter a explosão do vaping recreativo, principalmente entre os adolescentes.
“O vaping se tornou o problema comportamental número um nas escolas de ensino médio. E está se espalhando nas escolas primárias”, disse o ministro da Saúde, Mark Butler.
“Assim como fizeram com o fumo, as gigantes do tabaco pegaram outro produto viciante, embrulhou-o em uma embalagem brilhante e adicionou sabores para criar uma nova geração de viciados em nicotina”.
As pessoas ainda poderão usar vapers, com receita, como uma ferramenta para ajudá-los a parar de fumar.
“O vaper foi vendido para governos e comunidades em todo o mundo como um produto terapêutico para ajudar os fumantes de longa data a parar”, disse Butler.
“Não foi vendido como um produto recreativo — especialmente para nossos filhos”.
Butler também anunciou que a Austrália aumentará os impostos sobre as vendas de tabaco em cinco por cento a cada ano nos próximos três anos.
Os pesados impostos sobre o tabaco significam que a Austrália já possui alguns dos cigarros mais caros do mundo – com um maço com 25 unidades sendo vendido por cerca de 50 dólares australianos (US$ 33 ou R$ 164,64 na cotação atual).
Mercado negro
Em teoria, já é ilegal comprar cigarros eletrônicos de nicotina na Austrália sem receita médica. Mas, na prática, eles estão amplamente disponíveis em pequenas lojas de conveniência – um florescente mercado negro que o governo tem lutado para conter.
Os cigarros eletrônicos foram introduzidos no início dos anos 2000 e inicialmente anunciados como um substituto menos prejudicial para os cigarros tradicionais embalados com produtos químicos causadores de câncer.
Mas um corpo emergente de pesquisa mostrou que os vapers também podem ser altamente viciantes e muitas vezes resultam em jovens usuários que recorrem aos cigarros como forma de obter sua dose de nicotina.
Um estudo de 2022 da Australian National University descobriu que adolescentes que vaporizavam tinham três vezes mais chances de começar a fumar.
“O uso de nicotina em crianças e adolescentes pode levar a problemas de dependência ao longo da vida, bem como a dificuldades de concentração e aprendizado”, disseram os pesquisadores na época.
“Vapers fornecem centenas de produtos químicos — alguns deles conhecidos por serem tóxicos e muitos outros com efeitos desconhecidos”.
A executiva-chefe do Conselho do Câncer, Tanya Buchanan, disse que a Austrália está lutando contra uma “epidemia de vaporização” e tem uma janela cada vez menor para assumir o controle.
Ela disse que os cigarros eletrônicos não são seguros e ameaçam “os sucessos da Austrália em reduzir as taxas de tabagismo”.
A Austrália tem uma das taxas diárias de tabagismo mais baixas do mundo, segundo o Instituto Australiano de Saúde e Bem-Estar, mas tem visto um aumento no número de menores de 25 anos fumando cigarros.
Fonte: SBT News