Ativistas contrários ao governo pró-Kremlin em Belarus afirmaram ter atacado um avião de vigilância russo Beriev A-50 em um aeródromo perto de Minsk, a capital belarussa, no domingo (26/02). Eles disseram que a operação clandestina foi realizada com um drone.
Alexander Azarau, líder da organização de oposição ByPol, afirmou ao canal de mídia Belsat, com sede na Polônia e especializado em Belarus, que o ataque foi conduzido por belarrussos que depois fugiram do país e estão em segurança.
Franak Viacorka, conselheiro da líder da oposição belarrussa Svetlana Tikhanovskaya, elogiou o ataque como o “ato de sabotagem mais bem-sucedido desde o início do ano passado”.
“Glória aos partidários belarrussos”, escreveu ele no Twitter.
“Estou orgulhosa de todos os belarrussos que continuam a resistir à ocupação híbrida russa de Belarus e a lutar pela liberdade da Ucrânia. Suas ações corajosas mostram ao mundo que Belarus está contra a agressão imperial. Glória aos nossos heróis!”, disse Tikhanovskaya pelo Twitter.
Também conhecida pela Otan como Mainstay, a aeronave russa tem capacidades de comando e controle e pode rastrear até 60 alvos de cada vez. Segundo o grupo ByPol, a parte dianteira e central da aeronave e a antena do radar foram danificadas por duas explosões.
Não foi possível confirmar o ocorrido de forma independente, e autoridades russas e belarussas não comentaram o assunto.
Sabotagem em áreas de fronteira
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há um ano, houve vários atos de sabotagem em Belarus e nas regiões russas que fazem fronteira com a Ucrânia. O objetivo principal era a rede ferroviária.
O autocrático presidente de Belarus, Alexandre Lukashenko, no poder desde 1994, é um fiel aliado da Rússia. Embora o país não esteja diretamente envolvido na guerra russa na vizinha Ucrânia, ele permite que as tropas russas usem seu território.
Além disso, os dois aliados estabeleceram uma unidade militar conjunta em Belarus e realizaram vários exercícios conjuntos. Várias aeronaves russas militares e de reconhecimento aéreo estão estacionadas em Belarus.
Nesta segunda-feira, Lukashenko disse que Moscou abasteceu Minsk com sistemas de mísseis táticos Iskander, sistemas de defesa antiaéreos S-400 e enviou cerca de um milhão de projéteis de vários calibres.
“Com a finalidade de equipar a parte belarussa do Agrupamento Regional de Forças [Rússia e Belarus], a parte russa abasteceu-nos com sistemas operativos e táticos de mísseis Iskander, com uma reserva suficiente de foguetes”, afirmou Lukashenko citado pela agência oficial Belta.
“Os militares [belarrussos] receberam o que queriam. Trata-se de uma arma temível”, afirmou.
Lukashenko disse também que Belarus adquiriu uma bateria do sistema de mísseis Tor, mísseis antitanque, morteiros, lança-chamas e 830 mil munições de diferentes calibres.
Segundo ele, a Rússia ainda enviará a seu país “aviões Su-30M, helicópteros Mi-35M, veículos blindados, assim como vários tipos de armas, mísseis e munições”.
De acordo com Lukashenko, trata-se de equipamento “necessário para uma reação rápida e adequada, face às nossas exigências e ameaças atuais”.
Pena de 19 anos de prisão para Tikhanovskaya
Também nesta segunda-feira, a Procuradoria da Belarus pediu uma pena de prisão de 19 anos contra Tikhanovskaya, durante um julgamento à revelia. Ela foi a principal rival do presidente Alexander Lukashenko nas eleições de 2020.
Um tribunal de Minsk pediu a mesma sentença contra o opositor Pavel Latushko. Para Maria Moroz, Olga Kovalkova e Sergei Dilevski, todos ativistas ligados ao movimento opositor a Lukashenko, foi solicitada uma pena de 12 anos de cadeia para cada um.
O procurador envolvido no caso também exigiu uma multa de 37 mil rublos a Tikhanovskaya, além de considerar Latushko inelegível para cargos administrativos pelo prazo de cinco anos.
O julgamento contra os cinco réus começou em janeiro e os opositores são acusados de diversos crimes, incluindo conspiração contra o Estado, atentados contra a segurança nacional de Belarus ou divulgação de materiais para esse fim, entre outros.
Em janeiro, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, havia criticado o julgamento à revelia contra os cinco opositores belarrussos e viu neste processo um novo “abuso de poder judicial” por parte de Lukashenko.
Como Tikhanovskaya, os principais representantes da oposição tiveram que fugir para o exterior após a violenta repressão aos protestos em massa contra Lukashenko em 2020.
Numerosos opositores do governo foram presos. Até hoje, há prisões regulares, muitas vezes até por violações menores, como comentários nas redes sociais. O próprio marido de Tikhanovskaya foi um dos detidos.
Fonte: DW Fonte
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