A Alemanha proibiu uma filial local do grupo neonazista Hammerskins, com sede nos Estados Unidos, conhecido por seus shows de rock de supremacia branca, divulgou o Ministério do Interior em Berlim nesta terça-feira (19).

Do comunicado consta que o Hammerskins Deutschland, com cerca de 130 membros, pretendia difundir “uma doutrina racial baseada na ideologia nazista”.

A polícia realizou operações de busca e apreensão em endereços ligados a 28 membros da associação em dez estados alemães. A proibição também vale para as seções regionais do grupo e a sua suborganização, conhecida como Crew 38.

A ministra do Interior, Nancy Faeser, explicou que a medida é “um duro golpe contra o extremismo de direita organizado” que enviaria “um sinal claro contra o racismo e o antissemitismo”. Segundo ela, o extremismo de direita continua a ser “a maior ameaça extremista” à democracia na Alemanha. “Continuamos a agir com toda a determinação para desmantelar as estruturas de extrema direita.”

Segundo o comunicado do ministério, o grupo atenta contra a ordem constitucional e contra a ideia de entendimento entre os povos, e seus fins e atividades são contrários ao direito penal.

Papel de destaque na extrema direita europeia

A Hammerskins Deutschland é um ramo da Hammerskins Nation, associação fundada em 1988 nos Estados Unidos, que desempenha um papel de destaque no cenário de extrema direita da Europa.

Em todo o mundo, os membros da associação autodenominam-se “irmãos” e veem-se como uma “irmandade” de elite que quer praticar seu modo de vida subcultural dentro de um grupo que se considera a elite da cena skinhead de extrema direita.

O elemento central da ideologia da Hammerskins Deutschland é a propagação de uma doutrina racial baseada na ideologia nazista. Seu objetivo é viver e consolidar sua filosofia de vida de extrema direita, em particular através da realização de concertos nos quais também os não membros são confrontados com ideias extremistas, ideologizados e radicalizados.

Esta é a vigésima proibição de uma organização de extrema direita pelo governo alemão. Ela foi precedida por mais de um ano de intensa cooperação entre os governos federal e regional, assim como com as autoridades dos EUA.

A Alemanha elevou o terrorismo de extrema direita ao topo da lista de ameaças na sequência de vários atentados. Entre eles, uma tentativa de ataque contra uma sinagoga em Halle, no leste do país, em outubro de 2019, e um outro com motivações raciais em Hanau, perto de Frankfurt, em fevereiro, que deixou nove mortos.

Fonte: DW Brasil