O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu perdão nesta quarta-feira (01) pelos crimes e massacres cometidos na Tanzânia durante o domínio colonial alemão.
“Gostaria de pedir perdão pelo que os alemães fizeram com seus ancestrais aqui”, disse Steinmeier durante uma visita ao Museu Maji Maji, na cidade de Songea, no sul da Tanzânia. “Quero assegurar-lhes que nós, alemães, buscaremos com vocês respostas para as perguntas não respondidas que não lhes dão paz.”
A parte continental da Tanzânia fazia parte da antiga África Oriental Alemã, colônia no leste do continente africano que foi criada nos anos 1880 e dissolvida durante a Primeira Guerra Mundial, quando foi tomada for forças do Reino Unido.
Nesse período, entre o fim do século 19 e o início do século 20, a Alemanha manteve várias colônias, incluindo territórios na atual Tanzânia, Burundi, Ruanda, Namíbia, Camarões, Togo e Gana.
Em 2021, Berlim reconheceu oficialmente ter cometido genocídio durante a colonização da Namíbia, anunciando uma compensação financeira para reparar os crimes.
“História compartilhada”
Especialistas estimam que entre 200 mil e 300 mil indígenas da Tanzânia foram assassinados durante os chamados levantes da Rebelião Maji Maji entre 1905 e 1907.
Considerada uma das revoltas mais sangrentas da história colonial, as tropas alemãs participaram da destruição sistemática de campos e vilarejos locais.
Falando sobre a “vergonha” sentida em relação aos massacres, Steinmeier disse que a Alemanha está pronta para cooperar com a Tanzânia em um “processamento comunitário” do passado.
O presidente prometeu ainda compartilhar as histórias que aprendeu no Museu Maji Maji com o povo alemão. “O que aconteceu aqui é nossa história compartilhada – a história de seus ancestrais e a história de nossos ancestrais na Alemanha”, disse.
Na terça-feira, no segundo dia da viagem de três dias de Steinmeier à Tanzânia, ele afirmou que a Alemanha consideraria “a repatriação de propriedade cultural e restos humanos”.
Governada por uma mulher
Agora, Alemanha e Tanzânia dizem que pretendem fortalecer suas relações. A presidente tanzaniana, Samia Hassan Suluhu, de 63 anos, é a única mulher chefe de Estado com poderes executivos no continente africano atualmente.
Suluhu reverteu muitas das políticas de seu antecessor, inclusive a proibição de manifestações, restaurando as licenças dos jornais e libertando os líderes da oposição presos.
A Anistia Internacional, no entanto, ainda observa que há muitas deficiências de direitos humanos no país, incluindo limitações à imprensa e à liberdade de reunião.
A Tanzânia tem uma das economias mais fortes da África Subsaariana e espera-se que atinja uma taxa de crescimento econômico de 4,9% neste ano, maior do que a prevista para a Alemanha.
Fonte: DW Brasil
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