Vinte e quatro muçulmanos de diferentes regiões da Alemanha graduaram-se em um treinamento de imã – líder que dirige orações coletivas do islamismo, com liderança religiosa e também secular entre os xiitas – no Colégio Islâmico da Alemanha, em Osnabrück, no noroeste do país, no último sábado (30/09).
Os formandos, que incluíam homens e mulheres, receberam o certificado de conclusão após cursarem os estudos durante dois anos.
“Este é um dia histórico”, disse o presidente do conselho de administração do Colégio Islâmico, o ex-presidente da Alemanha, Christian Wulff, durante uma entrevista coletiva de imprensa.
Pela primeira vez, os aspirantes a imãs concluíram seu treinamento prático em território alemão, no idioma alemão e com apoio acadêmico, acrescentou Wulff, afirmando ainda que o colégio, atualmente, é um centro de treinamento reconhecido e recebe diversas consultas, inclusive do exterior.
“Isso nunca aconteceu antes, mas já era esperado há muito tempo, tendo em vista os milhões de muçulmanos em nosso país”, afirmou o ex-presidente, destacando que a instituição de ensino estava fazendo uma contribuição importante para a construção da paz e da integração.
Cerca de 5,5 milhões de muçulmanos vivem na Alemanha – aproximadamente, 6% da população, estimada em mais de 83 milhões de habitantes.
Por que o estudo na Alemanha?
Há quatro anos, a Alemanha anunciou que criaria um centro de treinamento para líderes islâmicos apoiado pelo Estado para ajudar a reduzir o número de imãs vindos do exterior, principalmente da Turquia.
Hoje, a Alemanha tem entre 2 mil e 2,5 mil líderes religiosos islâmicos, que tendem a vir e a permanecer no país por quatro ou cinco anos, geralmente pagos por seus países de origem, mas que sabem pouco sobre a cultura e os costumes locais
Segundo autoridades alemães, muitos desses imãs são funcionários do Estado turco que buscam ampliar a agenda política na Alemanha.
A influência de Ancara sobre a comunidade muçulmana é uma questão espinhosa há bastante tempo, especialmente desde o golpe fracassado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan em 2016.
Falta de empregos
O ex-presidente alemão acredita que as dificuldades que os graduados podem enfrentar para encontrar emprego poderão ser resolvidas nos próximos anos, especialmente se o Estado puder criar oportunidades na área de assistência social islâmica, incluindo capelães – autoridades religiosas.
O Ministério da Defesa da Alemanha se pronunciou favoravelmente sobre o emprego de capelães muçulmanos, futuramente, na Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs.
O presidente do Conselho Central de Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, expressou satisfação com os primeiros graduados. Mas disse que o Estado não deveria ter permissão para financiar, direta ou indiretamente, colaboradores ou funcionários religiosos.
A instituição de caridade católica Caritas e sua equivalente protestante Diakonie recebem financiamento do Estado.
Mazyek afirmou que seria possível imaginar acordos de compartilhamento de trabalho para imãs que também poderiam atuar como professores de religião em escolas.
Bülent Ucar, diretor do Colégio Islâmico, disse que gostaria de ver o treinamento de imãs “se tornar algo comum” e que estava confiante de que as perspectivas de emprego melhorariam.
Fonte: DW Brasil
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