O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e membros de seu gabinete apresentaram nesta quarta-feira (14/06) a primeira estratégia de segurança nacional do país, que prevê políticas externas e de segurança mais coerentes a fim de evitar que Berlim seja pega de surpresa por eventos geopolíticos.
Embora documentos oficiais alemães já tenham incluído políticas de segurança no passado, a Alemanha nunca possuiu uma estratégia abrangente dedicada ao tema.
Scholz afirmou que, desde que seu governo concordou em elaborar uma estratégia nacional, a arquitetura de segurança da Europa mudou radicalmente. Ele mencionou a guerra na Ucrânia e a destruição de infraestrutura crítica, como os gasodutos Nord Stream, como um novo ímpeto para levar adiante o plano.
“Enfatizo todos esses eventos para deixar claro quão radicalmente o cenário de segurança mudou para a Alemanha no último ano e meio”, disse o chanceler federal. “Apesar de todas as mudanças, continua sendo a principal tarefa de um Estado garantir a segurança de seus cidadãos.”
Scholz apontou ainda que, enquanto documentos anteriores se concentraram em políticas de defesa, a nova estratégia nacional será mais voltada para a política externa.
“Paz não cai do céu”
A ministra do Exterior, Annalena Baerbock, concordou que ficou claro para o governo, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, que a Alemanha precisava de um foco mais forte na segurança.
“Todos nós tivemos que aprender, com a brutal guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, que a liberdade e a paz não caem do céu”, disse a ministra.
Já o ministro das Finanças, Christian Lindner, afirmou que a Alemanha pretende atingir sua meta de 2% do PIB com gastos de defesa a partir do próximo ano.
Contudo, ele apontou que a meta só poderá ser alcançada com fundos especiais. Caso contrário, o governo terá que dimunuir suas despesas ou aumentar os impostos.
Por que a estratégia está sendo lançada agora
A coalizão de governo da Alemanha – que inclui o Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, o Partido Verde de Baerbock e o Partido Liberal Democrático (FDP) de Lindner – concordou em criar uma estratégia mais abrangente para segurança em seu acordo firmado em novembro de 2021. A proposta ganhou mais força quando a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
A guerra no Leste Europeu expôs as deficiências das Forças Armadas alemãs, a dependência excessiva do país em relação à energia da Rússia, bem como levantou questões sobre como a infraestrutura crítica, como os gasodutos, poderia ser protegida.
Críticos afirmam que a Alemanha tem sido muito complacente à medida que emergem novas ameaças globais, com países autoritários como a China e a Rússia se provando cada vez mais assertivos.
A nova estratégia de segurança é resultado de meses de coleta de opiniões de especialistas e leigos em nível distrital, estadual e nacional, em um processo liderado pelo Ministério do Exterior, comandado pela verde Baerbock.
Originalmente, a coalizão tinha concordado em concluir a elaboração do plano em seu primeiro ano de governo, mas disputas interpartidárias e ministeriais ao longo do caminho acabaram adiando o processo.
Entre as questões mais controversas estava a ideia de criar um Conselho de Segurança Nacional, que acabou sendo abandonada ao longo da elaboração.
Fonte: DW Brasil
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