O Maranhão registrou três mortes de pessoas LGBTQIAPN+ em 2024, duas em menos de 24 horas. Uma travesti foi morta a pedradas em Barra do Corda, enquanto um professor foi espancado até a morte em Açailândia.
O caso mais recente aconteceu neste domingo (10) na cidade de Barra do Corda (MA), onde uma travesti foi morta a pedradas. Segundo o delegado responsável, Brito Júnior, a vítima identificada como Riana, 21 anos, poderia ter sido assassinada tanto por homofobia quanto por drogas.
No sábado (9), um professor, identificado como Ailton Lima, que dava aulas de português, inglês e libras, foi morto a pedradas em Açailândia. Segundo a polícia, Ailton era homossexual e havia convidado dois jovens para irem a um motel.
No caminho, os convidados, um deles menor de idade, teriam roubado o celular de Ailton, assinado o professor e escapado. Embora as investigações não possam confirmar homofobia como motivação para o crime, a possibilidade continua sendo investigada pelos órgãos oficiais.
Até o momento, a Polícia apreendeu o menor que, em depoimento, confessou a participação no assassinato de Ailton. O segundo suspeito já foi identificado e a Polícia Militar, em parceria com a Polícia Civil, realizam buscas para apreendê-lo.
Segundo Jefferson Taylor, de 34 anos, representante da Rede Estadual de Combate à Homofobia, que foi instaurada este ano no Maranhão e pode ser encontrada nos principais órgãos governamentais do estado, o acesso ao índice de homicídios provocados por intolerância ainda é um processo lento e antiquado.
A razão, para Jefferson, é a falta de clareza entre os órgãos públicos e a comunidade, tendo em conta que o último boletim oficial de crimes, com motivação homofóbica, foi divulgado em 2022.
“O acesso à informação é uma grande luta dos movimentos sociais. É que nós não temos, no decorrer do ano, dados oficiais atualizados em relação aos homicídios à população LGBT. O que foi feito até agora foram pesquisas realizadas pela sociedade civil, isso de acordo com o que a gente tem de informação, não com dados oficiais”, esclareceu Jefferson.
A burocracia no repasse de informações e a falta de políticas públicas voltadas para a comunidade LGBT são algumas das questões pontuadas por Jefferson como sinais de descaso.
“A gente se sente desassistido, não tem uma política pública em que os LGBTs possam se enxergar. Não existe nenhum programa na área da educação, na área da saúde, na área da empregabilidade, como a gente tem em outros estados”, desabafou Jefferson.
Em nota, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) informou que os casos são investigados pela Polícia Civil e que, em São Luís, a delegacia de crimes raciais acolhe denúncias de ocorrências LGBTfóbicas.