Em 2024, o Maranhão registrou mais uma crescente no cenário de abuso sexual. Os dados do painel de estatística do Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgados nesta quarta-feira (15) contabilizou um total de 371 vítimas nos primeiros três meses do ano, o que equivale a uma média de quatro casos por dia. Os dados do mês de abril ainda não foram divulgados.
A estatística alarmante mostra que a maioria das vítimas é do sexo feminino, totalizando 343 casos. Mas também apontou que foram 28 casos envolvendo vítimas do sexo masculino. Entre as vítimas estão pessoas de diferentes faixas etárias, incluindo crianças, adolescentes e idosos.
O abuso sexual é um crime que vai muito além do ato físico. Suas consequências podem ser devastadoras e podem afetar a saúde mental e emocional das vítimas. Para entender melhor os transtornos, a psicóloga Nelma Silva, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Maranhão contou ao Difusora News sobre os danos causados em crianças e adolescentes.
“A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma modalidade de violência muito forte e acarreta danos psicológicos, algumas vezes até irreversíveis. Uma criança ou uma adolescente que sofre violência sexual pode repercutir na sua formação da identidade, numa sexualização invertida, em traumas noturnos como pavor, pânico, pesadelos, em perda da aprendizagem. Ela pode ter sérias interferências no seu processo de aprendizagem, assim como no relacionamento com outras pessoas”, revelou.
A psicóloga disse que esse crime pode levar a criança ao isolamento, à tristeza, à depressão e à dificuldade de estabelecer relações afetivas na vida adulta, até mesmo no ambiente de trabalho, isso pode ter uma repercussão danosa. Nelma aproveitou e fez um apelo de prevenção para toda a sociedade.
“É dever de todos nós alertarmos, orientar, tratar as informações adequadas para que ela tenha condições de discernir o que é um carinho de um adulto e o que é uma carícia que pode levar a uma situação abusiva”, disse Nelma Silva.
Segundo a Coordenadora Estadual das Delegacias Especiais da Mulher, delegada Kazumi Tanaka, a maioria dos estupros acontece em contextos de violência doméstica e familiar. A delegada revelou que a maioria das vítimas é de crianças e adolescentes abusadas, na maioria das vezes por pessoas do círculo familiar, também por pessoas consideradas de ‘alta confiança’.
“Aqui na Casa da Mulher Brasileira, temos uma equipe policial completa, com atendimento 24 horas, durante noite, final de semana e feriados. Aqui, nós atendemos todos os municípios da região metropolitana e atendemos meninas e mulheres em situação de violência de gênero. Contamos com o único Instituto de Perícias para Crianças e Adolescentes, que fica localizado em conjunto com a DPCA, para a gente ter a possibilidade de elaborar os laudos para a gente conseguir alcançar não apenas as violências físicas apresentadas, mas também as violências psicológicas e todos os traumas decorrentes daquela situação e que a gente consiga trazer mais robustez para aquela investigação”, afirmou a delegada.
Kazumi Tanaka lembra os passos a serem seguidos caso alguém sofra ou conheça alguém que passou por esse tipo de abuso.
“Ao identificar que uma pessoa da sua família, uma pessoa do seu convívio, tem violência de gênero, passou por esse tipo de problemática, que procure os organismos policiais para que nós façamos o encaminhamento para as profilaxias, para atendimento médico e psicossocial necessários”, lembrou.
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