Conheça casas de cultura que ajudam a preservar história e legado do povo negro

Os negros e pardos representam quase 80% da população maranhense, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para preservar a história dessa população no Maranhão, equipamentos culturais mantêm um acervo rico que referencia e transmite o legado do povo preto no estado.

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O portal Difusora News traz abaixo, informações sobre três destes equipamentos, que ajudam a contar um pouco das tradições, manifestações e hábitos que os negros fincaram ao longo da nossa história.

Cafua das Mercês (Museu do Negro)

Localizada na Rua Jacinto Maia, 54, bairro Praia Grande, em São Luís, a Cafua das Mercês (também conhecida como Museu do Negro) é um espaço cultural destinado a preservação da memória da forte presença da cultura afro no Maranhão.

No local, o público se depara com instrumentos do período da escravidão, objetos da cultura afromaranhense – sobretudo do Tambor de Mina (como indumentárias, acessórios e instrumentos musicais utilizados em rituais religiosos).

Encontra ainda uma valiosa coleção de arte africana proveniente de diversas regiões e etnias da África, a exemplo de grupos culturais como Bambara, Dogon, Senufo e outros.

O prédio das Cafua das Mercês abrigou no passado um antigo depósito de escravos, construído no século XVIII para receber os negros africanos que vinham da África, para ali serem comercializados.

Construído em estilo colonial, de fachada uniforme, contendo apenas uma porta principal ladeada e encimada por seteiras centradas em nicho – essas eram as únicas aberturas de luz e ventilação do prédio -, o prédio da Cafua das Mercês, em si, já indica a dimensão da tirania da escravatura.

No pátio interno do museu, há um pátio revestido de cantaria e cercado por um alto muro de pedras onde existe um réplica de pelourinho, outrora existente no Largo do Carmo.

A réplica do instrumento utilizado para castigar escravos foi executada com base em um desenho que consta no livro “O cativeiro”, do poeta e jornalista Dunshee Abranches (1867-1941).

A Cafua das Mercês funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h e está aberta à visitação pública sem necessidade de agendamento prévio, exceto para instituições escolares e grupos especiais.

Museu Casa do Tambor de Crioula

Inaugurado no dia 13 de julho de 2018, o Museu Casa do Tambor de Crioula está localizado na esquina entre as ruas Estrela e João Vital de Matos, no bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís.

O espaço abriga acervo específico sobre o tambor de crioula, manifestação de origem africana que mistura música, dança circular e percussividade única.

O local abriu as portas 11 anos depois de a manifestação se tornar Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, em 2027.

O Museu Casa do Tambor de Crioula também conta com área de convivência, salas para oficinas de dança e percussão, auditório e salão de exposição, além de uma lojinha para venda de produtos associados ao bem cultural.

Seja ao ar livre, em terreiros ou associado a outros eventos e manifestações, a prática do tambor de crioula é realizada sem local específico ou calendário pré-fixado.

A manifestação pode ser encontrada em vários municípios maranhenses. Conduzida pelo ritmo intenso dos tambores e toadas evocadas pelos cantadores, a manifestação tem na ‘punga’ ou ‘umbigada’ um dos pontos altos da dança do tambor de crioula.

O Museu Casa do Tambor de Crioula funciona de terça a sábado, das 9h às 18h, e aos domingos, das 9h às 13h.

Museu do Reggae do Maranhão

Em um sobrado localizado na Rua da Estrela, Centro Histórico de São Luís, foi inaugurado em 2018 o Museu do Reggae do Maranhão, primeiro museu dedicado ao ritmo fora da Jamaica.

O museu conta com cinco ambientes. Na Sala dos Imortais, o espaço homenageia grandes nomes do reggae maranhense.

Nos outros quatro ambientes, o público pode conferir exposições em deferência a tradicionais clubes de reggae de São Luís: Clube Pop Som, Clube Toque de Amor, Clube União do BF e Clube Espaço Aberto.

No local, os visitantes também podem acessar discos raros, vídeos, fotos históricas, moda reggae ao longo do tempo, além de depoimentos gravados com personagens da cena reggae.

Também compõem o acervo imaterial e digitalizado do museu, livros, artigos, teses e dissertações, na Biblioteca do Reggae, possibilitando a realização de pesquisas, além do café do museu, o Roots Café.

O Museu do Reggae do Maranhão guarda, ainda, relíquias como a primeira guitarra da banda maranhense Tribo de Jah, usada pela banda em mais de 20 países.

Outra relíquia é a radiola “Voz de Ouro Canarinho”, de Edmilson Tomé da Costa, mais conhecido como Serralheiro, um dos pioneiros do reggae no estado e disseminador do gênero musical nos anos de 1970.

Prestes a alcançar a marca de 300 visitantes, o Museu do Reggae está aberto para visitação pública de terça-feira a sábado no horário das 9h às 18h e aos domingos das 9h às 13h.

As visitas contam com a presença de monitores preparados para contar a história do acervo, com domínio da linguagem em libras, inglês e francês.

Tags: ´São Luís, cultura, Museu