Em um mercado onde o sabor muitas vezes parece estar em conflito com as restrições alimentares, uma mulher decidiu desafiar o mundo da confeitaria. Regina Santos, 48 anos, é uma empreendedora que encontrou seu caminho em um nicho de mercado aparentemente restrito, mas cheio de oportunidades. Ela buscou conhecimento para produzir doces para pessoas diabéticas, intolerantes à lactose e alérgicas ao glúten.
Segundo os dados da Sociedade Brasileira de Diabéticos (SBD), o número de pessoas com diabetes no Brasil é de aproximadamente 20 milhões. A SDB afirma que, entre os tipos de diabetes, a maioria (90%) é de diabetes Tipo 2, que ocorre quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz (denominado resistência à ação da insulina), ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia.
A gastroenterologista Ingrid Paz destacou a importância de evitar os alimentos que podem prejudicar a saúde de pessoas com diabetes, intolerância à lactose ou de quem possui restrição a alimentos com glúten (doença celíaca).
“É fundamental que esses portadores dessas doenças possam ter acesso aos alimentos inclusivos, como, por exemplo, os produtos zero lactose, alimentos sem glúten para os pacientes com doença celíaca e os alimentos com baixo teor de açúcares para os pacientes diabéticos. Desta forma, eles poderão ter mais qualidade de vida a curto prazo, estando livres dos sintomas, e a longo prazo, evitando possíveis complicações dessas doenças”, afirmou.
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Há um ano e meio, Regina deixou para trás sua carreira como pedagoga para ingressar em um novo negócio. O que a levou a essa decisão radical? A resposta está na própria casa, onde ela começou a experimentar receitas adaptadas para atender às necessidades alimentares do marido, que é intolerante à lactose. O desafio inicial logo se transformou em paixão e oportunidade.
“Comecei cozinhando só para a família e para os amigos. Meu marido foi diagnosticado com intolerância à lactose em 2010 e não havia produtos em nossos supermercados, com exceção do leite de soja. Então, ficava muito difícil a interação social dele. Muitas vezes, ele nem queria ir aos eventos, ir em nossas reuniões familiares, pois se comesse alguma coisa que não caísse bem, ele ficava mal. Então, eu resolvi pesquisar mais sobre o assunto e buscar receitas na internet que pudesse ajudá-lo”, relatou a confeiteira.
Dona Regina contou que começou com uma simples receita de um queijo vegano (tofu) e gradualmente foi testando receitas de doces sem lactose. Depois de um tempo, ela afirmou que sentiu a necessidade de se especializar na área e aprender novas combinações.
“Eu era responsável por levar os doces em nossas reuniões, porque além dele ser intolerante à lactose, eu também tinha outros familiares com restrições. Então, pensei, por que não ajudar outras pessoas? Aí nasceu a Sanvis, Confeitaria Saudável” relatou.
No entanto, o caminho da empreendedora não foi fácil. Regina enfrentou desafios ao adaptar suas receitas para garantir que fossem seguras para consumidores. Ela investiu tempo e esforço para garantir que seus produtos mantivessem o padrão de qualidade e segurança alimentar. Além disso, a confeiteira lutou muitas vezes contra o ‘conceito’ de comida saudável ‘ser ruim’.
“Ao mesmo tempo que é satisfatório, é desafiador. É emocionante quando a gente entrega para um diabético um bolo no seu aniversário. Sendo que ele disse para mim que já perdeu a noção da última vez que ele pôde comer um pedaço de bolo sem se preocupar. Então, eu tenho que ter um jogo de cintura para explicar para ele que aquele bolo não é conveniente para um diabético”, disse Regina.
E foi assim que surgiu a confeitaria inclusiva que atende por semana cerca de 7 pessoas e é uma das principais opções para quem tem dieta restritiva.
Hoje, a Sanvis Confeitaria atende a um público de diabéticos que possuem idade que varia entre 20 e 40 anos, intolerantes à lactose e alérgicos de todas as idades.
A empresa conta com um cardápio com 22 opções de produtos, com uma variedade de receitas que vão de lanche da tarde ao bolo de aniversário. Entre os itens do catálogo estão bolos, pudins, chocolate e pavês e outros produtos que dependem de datas comemorativas.
Tags: confeitaria, diabéticos, empreendedorismo