Aumento de dengue em grávidas: riscos e prevenção

Neste período de chuvas intensas em todo o Maranhão, característico do estado desse início de ano, os cuidados com as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti precisam ser intensificados, especialmente quando se trata de dengue e mulheres grávidas.

As grávidas e puérperas (período pós-parto) estão entre os grupos mais suscetíveis a complicações e evolução para as formas mais graves da dengue. O odor e o aumento do gás carbônico exalado pela pele das gestantes, aliados ao aumento da sua temperatura corporal, são fatores importantes para a atração do mosquito.

Caracterizada por febre alta e dores no corpo, a dengue preocupa quando atinge alguém com o sistema imunológico fragilizado, o que acontece com as grávidas, segundo informou médica infectologista e professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, Dra. Maria dos Remédios.

“Se a gestante tem febre de início súbito, acompanhada de pelo menos dois sintomas, tipo dor de cabeça, dor no corpo, dor nas juntas, dor nos olhos, essa gestante se enquadra no caso suspeito de dengue. Ela precisa procurar a Unidade de Saúde mais próxima e descrever todos os sintomas que está sentindo durante o atendimento médico”, explica.

Durante a gravidez, a mulher compartilha seu sistema imunológico com o bebê, por isso fica mais suscetível a infecções, podendo evoluir para quadros graves, tais como: risco de aborto, parto prematuro e de restrição do crescimento fetal; morte fetal e também transmissão vertical do vírus da dengue. Ou seja, a mãe pode transmitir para o feto, especialmente nos últimos dias da gravidez.

A médica obstetra, Dra. Erika Krogh, ressalta que a dengue chega a aumentar em quatro vezes as chances de óbitos das mulheres grávidas, quando elas estão com a doença.

“Aumenta bastante a chance de hemorragia também no pós-parto. Como a doença é um processo inflamatório, ela tem mais risco de lesão nos rins, de falência do fígado, de choque e até de morte materna no pós-parto, que a gente chama de puerpério”, disse a médica.

Até o momento não existe vacina contra dengue indicada para as grávidas. As vacinas existentes não são autorizadas para uso em gestante porque são de vírus vivos atenuados. Então, a prevenção é o principal caminho.

Prevenção

O controle dos criadouros de Aedes aegypti, as barreiras mecânicas para evitar que o mosquito entre nas residências, como telas em portas e janelas, o uso de inseticidas, de roupas apropriadas e de repelentes estão entre as recomendações para evitar a contaminação.

O Chefe da Unidade de Obstetrícia do Hospital Univervistário HU-UFMA/Ebserh, Dr. Antônio Leonardo Pereira Rosa destaca que a importância do diagnóstico precoce da dengue para as gestantes, além do imediato início do tratamento.

“A gente deve pensar sempre em dengue e instituir as formas de tratamento mais precoces, pois vão nos dar a oportunidade de evitar que a dengue evolua. O tratamento deve ser iniciado sem esperar pelos resultados dos exames laboratoriais, visando prevenir a evolução da doença para estágios mais graves. Além disso, é necessário a realização de exames como o hemograma para orientar o tratamento adequado”, destaca o Dr. Antônio Leonardo.

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