O golpista afirmou que a vítima estaria utilizando um celular roubado e que isso configuraria crime. A partir daí, as ameaças se intensificaram e o criminoso chegou a exigir R$ 5 mil para fazer um “acordo”.
-dezembro 4, 2025
O golpista afirmou que a vítima estaria utilizando um celular roubado e que isso configuraria crime. A partir daí, as ameaças se intensificaram e o criminoso chegou a exigir R$ 5 mil para fazer um “acordo”.
Uma jornalista maranhense, que preferiu não se identificar, foi vítima de uma tentativa de golpe na última segunda-feira (3), enquanto estava trabalhando. A abordagem, inicialmente por mensagem de WhatsApp, partiu de alguém que se identificava como promotor de Justiça — identidade posteriormente usada para uma série de intimidações e ameaças com o objetivo de extorquir dinheiro da vítima.
Segundo a profissional, tudo começou quando ela recebeu um contato de um suposto promotor interessado em falar com ela. Por estar em um grupo de jornalistas que incluía profissionais do Ministério Público, a mensagem não despertou desconfiança imediata. Ao responder, no entanto, ela passou a ser pressionada pelo criminoso, que iniciou uma ligação telefônica marcada por intimidações.
O golpista afirmou que a vítima estaria utilizando um celular roubado e que isso configuraria crime, além de acusá-la de desrespeitar uma autoridade. A partir daí, as ameaças se intensificaram.
“Ele dizia que eu seria presa, que não poderia ir à delegacia sem estar algemada e que iriam me buscar no trabalho. Afirmou também que a conversa estava sendo gravada”, relatou a jornalista.
Segundo ela, mesmo se colocando à disposição para comparecer ao fórum ou à delegacia, os criminosos insistiam que ela seria conduzida por uma viatura, algemada, e faziam menções humilhantes ao suposto tratamento que receberia durante o trajeto.
A situação escalou quando os golpistas começaram a insinuar a possibilidade de um “acordo” com uma juíza. Uma voz feminina entrou na ligação e afirmou que o valor seria de R$ 5 mil. Ela respondeu que pagaria apenas presencialmente, mas o falso promotor exigiu pagamento via Pix. A exigência dos criminosos deixou evidente que se tratava de uma tentativa de extorsão.
Assustada, a jornalista afirmou que o episódio a deixou profundamente nervosa. “Ficamos tão tensos que quase perdemos a noção do que poderia ser verdade ou mentira, mesmo eu tendo todas as notas fiscais e comprovantes do meu celular, comprado de uma fonte confiável”, lembra.
A jornalista registrou boletim de ocorrência no Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC).
A foto usada no perfil do WhatsApp do golpista era a imagem do promotor de Justiça Felipe Augusto Rotondo, atualmente responsável pela Promotoria de Justiça de Buriticupu, Bom Jesus das Selvas e Arame. Não é a primeira vez que criminosos utilizam a foto do magistrado para aplicar golpes. Em novembro, o próprio promotor relatou outros casos semelhantes.
No relato, o magistrado informa nenhumprocedimento judicial ou investigação é conduzido por aplicativos de mensagens e que cobranças ou acordos extrajudiciais jamais são solicitados por telefone.
“Nunca enviamos intimações, cobranças ou avisos oficiais por WhatsApp. Para isso, utilizamos canais formais e seguros. Se receber algo parecido, bloqueie, denuncie e avise outras pessoas”, alerta o promotor.
As autoridades recomendam ainda que vítimas desse tipo de abordagem registrem boletim de ocorrência e encaminhem provas às polícias competentes para investigação.