Nem mesmo as oito decisões judiciais favoráveis impediram que ela fosse mais uma vítima da negligência estatal
Nem mesmo as oito decisões judiciais favoráveis impediram que ela fosse mais uma vítima da negligência estatal
A idosa Maria Ferreira Passos, de 61 anos, que aguardava por uma cirurgia cardíaca há quase dois anos, morreu nesta sexta-feira (5), em São Luís (MA). Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Cardiológica do Hospital Carlos Macieira desde o dia 27 de dezembro para fazer a cirurgia de troca de válvula mitral, mas o procedimento nunca foi realizado.
A longa espera pela cirurgia, custou a vida da aposentada. Maria Ferreira Passos entrou na fila de espera para a cirurgia no dia 2 de julho de 2022, ocupando o 813° lugar. “Não, ela não conseguiu. Estou muito abalada”, lamentou a enfermeira Kheila Azevedo Ferreira Passos, de 55 anos, sobrinha de dona Maria.
A peregrinação da idosa começou no dia 3 de dezembro de 2023, quando ela passou mal, tendo sido levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Operária, em São Luís.
Por lá, a idosa foi estabilizada e encaminhada para o Hospital de Clínicas Integradas (HCI), onde permaneceu por 24 dias – mesmo com duas avaliações médicas indicando transferência para unidade especializada.
Kheila Azevedo procurou a imprensa e mesmo após ter conseguido um leito no HCM, após a repercussão da matéria (relembre aqui), a cirurgia não foi realizada. Na época, a sobrinha de dona Maria informou ao Difusora ON que a unidade não possuía material para cirurgia.
“O médico que estava na UTI disse, ‘nós estamos sem material, infelizmente ela vai ter que esperar’. Ele informou inclusive que o material faltava em todo o Maranhão “, afirmou a sobrinha naquela ocasião.
Nesse período, dada a gravidade da situação, a família da idosa entrou com vários pedidos na Justiça para tentar agilizar o tratamento cirúrgico. Ao todo foram expedidas 8 decisões judiciais favoráveis para realização da cirurgia de emergência, mas nenhuma das medidas liminares foram cumpridas pelo estado.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse que a paciente deu entrada na unidade em estado grave, mas depois o quadro clínico piorou após complicações cardiorrespiratória e renal. Mesmo com todos os esforços, a paciente veio a óbito na tarde desta terça-feira (5). Segundo a nota, vários pacientes que precisam desta cirurgia cardíacas estão inseridos na fila de um sistema nacional. Em 2023, foram realizadas mais de 627 cirurgias cardíacas.