Um dos maiores desafios para a efetivação dos direitos da população com espectro autista é o acesso pleno à educação, que inclui a inclusão escolar e a alfabetização de crianças e adolescentes neurodivergentes.
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Os direitos dessa população são celebrados nesta quarta-feira (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano e combater o preconceito.
Bianca Ferraz, psicopedagoga e diretora de uma instituição dedicada à promover a educação para pessoas atípicas em São Luís, explica os principais desafios relacionados a esse processo.
“O primeiro obstáculo geralmente surge logo no início da jornada escolar. Muitas famílias ainda enfrentam a recusa velada de escolas que alegam indisponibilidade de vagas ou “falta de estrutura”, revelando que a maioria das instituições não está disposta a inclusão”, relata.
Segundo a especialista, normalmente as famílias precisam recorrer ao Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor (Procon) ou outras autoridades para garantir o direito mais básico para seus filhos, que é o da educação.
Bianca ressalta que a partir da aceitação familiar e a informação sobre o tema, é possível estabelecer meios mais concretos para que o desenvolvimento da pessoa ocorra da melhor maneira possível.
“Há ainda muito desconhecimento e resistência em aceitar que conviver com o ‘diferente’ é uma oportunidade de crescimento humano”, destaca a psicopedagoga, que também é mãe de duas crianças atípicas.
Instituições de ensino
Bianca Ferraz pontua algumas providências que devem ser tomadas por escolas e outros espaços de ensino para que haja a promoção da inclusão das crianças e adolescentes com autismo.
Entre as iniciativas, a psicopedagoga cita que as instituições devem elaborar o Plano Educacional Individualizado (PEI), formar professores, adaptar o ambiente, oferecer equipe especializada, incentivar a socialização e envolver as famílias no processo.
Mesmo com toda a evolução dos diagnósticos e o acesso à informação, autistas ainda costumam sofrer preconceito por conta de suas particularidades. Para Bianca Ferraz, é necessário que haja uma ação conjunta de vários setores da sociedade para que os desafios sejam solucionados.
“Precisamos levar essa conversa para todos os espaços: para dentro das casas, dos grupos de amigos, das redes sociais, das empresas, dos serviços públicos. Precisamos ensinar que o autismo não define limites, e sim caminhos. Que cada pessoa com TEA é única, capaz, sensível, e merece ser tratada com respeito, dignidade e afeto”, conclui.
O que é TEA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno de neurodesenvolvimento que pode caracterizar alguns desenvolvimentos considerados atípicos, como manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social.
Por haver uma grande quantidade de variações, níveis e características diferentes, desde 2013 o autismo foi considerado um espectro pela American Psychiatric Association.
A importância do diagnóstico precoce
Quanto mais cedo o diagnóstico for feito por um profissional qualificado, melhor e mais oportuno. Através do laudo, é possível encaminhar a pessoa através de intervenções comportamentais, psicológicas e educacionais, que visam o desenvolvimento adequado e garantir melhores resultados de socialização e emancipação do autista a longo prazo.