No dia 30 de janeiro de 1869, o desenhista imigrante italiano, Angelo Agostini, publicava a primeira história em quadrinhos no Brasil – “As Aventuras de Nhô-Quim”. Para homenagear esse marco da literatura brasileira, ficou instituído que neste dia seria comemorado o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, ou Dia do Quadrinho Nacional.
Além de ser o patrono das HQ’s brasileiras, o desenhista Ângelo foi um dos fundadores da Revista Tico-Tico, uma das mais importantes do gênero em quadrinhos na época.
Em “As Aventuras de Nhô Quim”, o enredo retratava a vida de um caipira que, após se mudar para o Rio de Janeiro, se chocou com a civilização meio rural e meio urbana da cidade. Nhô-Quim era uma caricatura dos costumes da época e publicada semanalmente na revista ‘Vida Fluminense’.
Com o tempo, a produção de quadrinhos se expandiu. Ganhou os jornais em tirinhas de humor, continuou em revistas e também passou a circular em publicações próprias, como exemplo da Gibi, de 1939. Essa foi a primeira revista dedicada ao gênero no Brasil. O nome ‘Gibi’ virou sinônimo do formato no país.
Coloridos ou preto em branco, os quadrinhos continuaram a ganhar força. Passaram a explorar temáticas cada vez mais realistas, variadas e a conquistar públicos diferentes, principalmente o infantil. E são várias as produções que marcaram época e seguem sendo sucesso, tais como: “O Menino Maluquinho” e “Pererê”, de Ziraldo, e “A Turma da Mônica”, de Maurício de Souza.
As histórias nacionais seguem influenciando várias gerações e despertando novos talentos. No Maranhão, a dupla de quadrinistas Rafael Santos e Wagner Elias, do estúdio ‘Gibi Tales’, se destaca pelas histórias autorais e algumas com enredos inspirados e ambientados na capital maranhense, São Luís.
“Somos fãs dos quadrinhos desde criança com os gibis da Turma da Mônica e outros. Temos influência também dos quadrinhos japoneses e autores independentes brasileiros, como Gabriel Bá e Fábio Moon. Resolvemos investir nos quadrinhos porque é uma mídia que nunca deixou de ser atrativa, mesmo com o advento da internet. Prova disso, é que até hoje as produções de Hollywood usam bastante os quadrinhos como base para os filmes. Além disso, os quadrinhos abrem portas para a garotada entrar no mundo da literatura e ajuda no processo de alfabetização”, disse Rafael Santos.
Em um dos cases de sucesso, a dupla maranhense criou a história ‘Escarra Brasa – O cangaceiro gentil’, ainda no ano de 2016. Na história, a capital maranhense é retratada em um futuro pós-apocalíptico onde um lendário cangaceiro tenta achar a cura para o seu mal.
O protagonista toma um estranho chá que o transforma em um homem destinado a ajudar as pessoas que ainda sobrevivem em uma São Luís quase deserta. ‘Escarra brasa’ teve estreia em um concurso da editora JBC, conquistando o 1º lugar do concurso.
Além do Escarra Brasa, a Gibi Tales também tem outras produções de sucesso, como: mangá ‘Divisão 5’; Emboscada (continuação do Escarra Brasa); e Tobias Salazar, o detetive baixa renda.
O personagem Tobias Salazar é um calango detetive que resolve casos em uma São Luís cheia de mistérios e com personagens que possuem características físicas de animais.
“O Tobias Salazar também tem um apelo infantil muito grande. É uma narrativa fácil, que a criança se identifica. Também focamos em quadrinhos para os adolescentes, como ‘Escarra Brasa’, que tem uma narrativa de ação, cultura e também ajuda no desenvolvimento da leitura. Sempre participamos de projetos em escolas, divulgando nosso trabalho e ajudando a despertar novos leitores. Estamos sempre antenados com as demandas desse público”, destaca Wagner Elias.
Os maranhenses trabalham com editoras independentes e também plataformas de financiamento coletivo para ajudar a captar recursos para viabilizar os projetos. E mesmo com a revolução da internet, a produção de quadrinhos sobreviveu e se adaptou a essa realidade. A dupla maranhense divulga a produção no site https://gibitales.wixsite.com/gibitales /Rede Social: @estudio_gibitales.
“Para nós, a internet surge como uma grande aliada. Começamos a publicar quadrinhos independentes pela internet. Quando criamos a ‘Gibi Tales’, criamos um blog para a publicar nossas produções e se inserir nesse mercado. Mesmo tendo a publicação imprensa, sempre colocamos a publicação digital, pois é uma vitrine para o nosso trabalho. A gente publica de graça de forma digital, e o público acaba comprando os quadrinhos impressos também. Divulgamos o nosso trabalho pelo site e também quem quiser acompanhar nosso trabalho, estamos na Feirinha de São Luís”, destaca Rafael Santos.