
A primeira universidade do Brasil em território indígena deve ser construída no Maranhão. Nesta sexta-feira (21) e sábado (22), o povo Tenetehar participou da segunda escuta pública, um momento importante para a construção do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) um passo importante para efetivação desta iniciativa pioneira.
A escuta é resultado da parceria entre o Governo do Maranhão e o Centro de Saberes Tenetehar, por meio Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
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O evento ocorreu na Aldeia Zutiwa, localizada no território Arariboia, no município de Arame, cerca de 500 km de São Luís, com a participação de representação das regiões de indígenas Abraão, Angico Torto, Ponta D’água, Lago Branco e representantes do Governo do Estado, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da prefeitura de Arame.
“A educação é um direito de todos e o Governo do Estado está trabalhando para que os povos indígenas tenham acesso à formação acadêmica, dentro de seu próprio território, respeitando suas tradições e fortalecendo seus saberes ancestrais”, destacou chefe da Assessoria de Planejamento da Fapema, Adriana Carvalho.
A iniciativa representa um marco histórico para a educação superior no Brasil, garantindo aos povos indígenas um espaço de ensino e pesquisa, alinhado com suas realidades, saberes tradicionais e visões de mundo. Com essa escuta, lideranças, professores e jovens tenetehar tiveram a oportunidade de contribuir ativamente para o projeto, reforçando o compromisso com a autonomia e valorização de suas culturas.
O presidente do Instituto Tukàn, cacique Sílvio Santana da Silva, pontua que o projeto, idealizado há anos pelos caciques, ganhou impulso há uma década e, após apresentar a proposta ao governo, houve interesse e apoio, permitindo sua continuidade.
“Entrou a Fapema, que passou a apoiar a iniciativa, fortalecendo esse movimento, garantindo a aproximação do governo e o incentivo às ações fundamentais, que estão sendo desenvolvidas dentro da comunidade. Recebemos essa iniciativa como grande alegria, vitória e a certeza que já demos um importante passo”, observou.
Planejamento
Para viabilizar essa construção, a Fapema firmou um acordo de cooperação com o Centro de Saberes Tenetehar, garantindo suporte para pesquisas, estruturação acadêmica e financiamento de iniciativas que fortaleçam o ensino e a produção de conhecimento dentro do território indígena.
O professor Gustavo Pereira, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e coordenador do programa da universidade, ressaltou o grande desafio para o Maranhão, liderado pelo governador Carlos Brandão, que delegou a ele, a Fapema e outras instituições, incluindo o Instituto Tukán, a coordenação da iniciativa.
“Essa proposta busca integrar os saberes tradicionais dos povos indígenas com o conhecimento científico das universidades, permitindo que jovens e lideranças indígenas contribuam para a formatação acadêmica institucional do programa”, frisou.
A implantação da universidade indígena Tenetehar representa um avanço significativo na democratização do ensino superior e na valorização das comunidades tradicionais, criando um ambiente acadêmico que une ciência, tecnologia e os conhecimentos milenares dos povos originários.
Para Fabiana Guajajara, diretora do Instituto Tukán e liderança indígena, este momento simbólico e participativo é muito importante por envolver toda a comunidade, incluindo professores, gestores e lideranças, para essa construção coletiva, que será estabelecida dentro do território Arariboia.
“O plano de desenvolvimento institucional da futura universidade indígena está sendo elaborado de forma participativa, considerando as visões de mundo e as demandas das comunidades indígenas. O objetivo é que essa universidade reflita os interesses desses povos, oferecendo cursos e pesquisas que realmente os beneficiem”, ponderou a diretora Jurídica do Instituto Tukán, Isabele Peace.
Para garantir essa construção coletiva já foi realizada a primeira escuta pública, há cerca de dois meses, e ainda estão previstas mais duas, totalizando quatro encontros de consulta. Esta segunda escuta para a elaboração do Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDDI) reúne as cinco regionais que compõem as macrorregiões do povo indígena local.
Na avaliação de Luís Carlos, membro da comunidade, essa iniciativa busca fortalecer a cultura do povo guajajara, oferecendo aos parentes a oportunidade de estudar, sem precisar deixar a comunidade, superando as dificuldades de acesso à educação.
“A universidade será fundamental para o desenvolvimento educacional dentro das aldeias, promovendo conhecimento e sabedoria, permitindo que a liderança indígena e a comunidade expressem seus desejos e conduzam seu povo com autonomia”, avaliou.
Tags: Educação, povos indígenas, universidade