Real é a moeda com pior performance; veja o impacto para o seu bolso

A moeda brasileira, o real, se tornou a moeda emergente com a pior performance em 2024. A informação, divulgada pela Forbes Brasil na noite da última terça-feira (18), evidencia que o real tem um desenvolvimento abaixo do peso argentino, que até o momento ocupava essa parte do ranking.

Para o economista e Conselheiro de Economia do Maranhão, João Marques, é preciso analisar os fatos separadamente para poder comparar a performance das duas moedas. O economista explica que, quando se fala de desempenho, o foco é o desempenho da moeda, e não o valor desta.

Ou seja, um desempenho abaixo do esperado não significa que o real está “perdendo” em relação ao peso argentino, e nem que a moeda brasileira está valendo menos.

“A performance do peso argentino ser melhor do que a brasileira significa que a taxa de valorização da moeda está maior que a do nosso real. Em termos de valor, o real continua valendo mais que o peso, por exemplo”, informou o economista.

Conforme João Marques, o peso argentino é uma moeda ainda em uma situação crítica e extremamente desvalorizada diante da economia da Argentina, que se recupera de uma forte crise econômica. O Brasil, para o economista, tem uma estrutura econômica diferente.

As diferenças começam pelo tamanho do mercado interno: a Argentina tem 47 milhões de habitantes, enquanto o Brasil tem 220 milhões. O economista afirma que o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina é de cerca de 615 bilhões de dólares e o do Brasil está próximo dos 2 trilhões.

“Em termos de participação da economia no mercado internacional, o Brasil tem um peso muito maior, embora concentrado em meios agrícolas, minerais e matérias-primas, nosso posicionamento é muito mais forte e estratégico”, afirma o superintendente.

Mesmo com o valor da moeda mantido, Marques afirma que o mau desempenho do real quanto às outras moedas, é algo que pode afetar o bolso do brasileiro.

“Muitos dos produtos que consumimos são importados, portanto, há o impacto no encarecimento das mercadorias. Sob essa mesma ótica, o impacto inflacionário afeta produtos-chave como fertilizantes e combustíveis, que impactam diretamente na cadeia produtiva e logística nacional, encarecendo ainda mais as mercadorias”, explicou Marques.

Não existe, porém, uma projeção específica para este impacto vindo do câmbio. A expectativa para a inflação em 2024 é de que suba, mas não somente devido ao desempenho do real. Tragédias nacionais, como a que ocorreu no Rio Grande do Sul, afetam a produção e os preços dos alimentos, incluindo arroz, soja, milho e proteína animal. Embora a estimativa seja de alta, a inflação se mantém em patamares temporariamente controlados.

Qual o motivo do baixo desempenho do real?

A nível de comparação, o dólar, referência monetária mundial, era negociado a R$ 4,85 em janeiro deste ano, e até o momento disparou para 5,42. No Brasil, porém, as despesas públicas aumentaram significativamente nos últimos meses, o que causou fuga de capital estrangeiro.

Quanto aos motivos para a fuga do capital estrangeiro, estão a saída de pelo menos US$ 21 bilhões (R$ 114 bilhões de reais) e a política monetária estadunidense, sendo mais atrativa aos investidores do que a brasileira. Como consequência, o real teve um desempenho inferior a outras moedas.

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