Estudo mostra que probabilidade da mulher perder emprego após 1º filho é maior

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo-Unifesp mostra que a probabilidade de a mulher perder o emprego após o nascimento do primeiro filho e ficar inativa no mercado de trabalho, dependendo do setor de atuação, é quase três vezes maior (entre 1,87 e 2,87 vezes) que a de uma trabalhadora do sexo feminino sem filhos.

Para chegar à essa conclusão, a pesquisadora analisou dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, do período de 2012 a 2019. O levantamento aponta também que a proporção de mulheres inativas atinge maiores níveis imediatamente após o nascimento do primeiro filho. Já em relação aos homens, a pesquisa indica que a paternidade não apresenta nenhum efeito sobre eles no mercado de trabalho. 

Carla Victor Ferreira sentiu essa dificuldade na pele. Ela trabalhava como analista de projetos e viveu uma grande alegria com a chegada da filha Duda, mas ao voltar da licença maternidade foi demitida.

“Uns dias antes eu tinha conversado com a minha gestora, que eu não estava com a mesma disponibilidade que tinha antes, não conseguia ficar mais até tarde se precisasse. Aí teve um corte na empresa e na minha equipe tinha que escolher uma pessoa e me escolheram”, lembra.

Sentindo que as portas do mercado de trabalho se fecharam, a mãe de primeira viagem precisou se reinventar e abriu uma loja de roupa infantil. “Empreender é muito desafiador, mas em questão de flexibilidade eu não teria isso em lugar nenhum”.

A CLT garante à mãe, entre outros benefícios, estabilidade no emprego durante a gestação, quatro meses de licença-maternidade e mais um mês após a volta ao trabalho. 

Mas para a economista Isabela Fernandes Matos, uma das responsáveis pelo estudo da Unifesp, as leis atuais, referentes à maternidade, não são suficientes. Ela acredita que é preciso ir além, para que a sociedade entenda que a chegada de uma criança não diz respeito só à mulher. “A prorrogação de licença paternidade que hoje é de 5 a 20 dias poderia diminuir aí essa questão da diferença de gênero”, defende a economista.

Por isso políticas públicas de apoio às mães e empresas que acolham as mulheres na volta da licença maternidade são essenciais para que as profissionais tenham as mesmas oportunidades e consigam manter a dupla jornada. Iniciativas como a de uma empresa de tecnologia, que criou uma sala de alimentação para as mães. A multinacional já recebeu prêmios pelo novo programa voltado à família. Há ainda o trabalho híbrido, flexibilidade de agenda e licenças estendidas também para os pais e até avós, que ajudam com o recém-nascido.

Amanda Pinheiro amamenta a filha de um ano e quatro meses e, em meio à correria do dia a dia, tem o seu momento de privacidade e respeito. “Isso passa uma segurança para essa mãe que está voltando de uma fase tão desafiadora, de um momento tão delicado”, diz a consultora líder de pessoas e comunidade.

A gerente de parceiros Rafaela Chiconini, que faz parte do time há dez anos, também aprova a iniciativa. Ela, que  teve dois filhos e uma promoção garante: “A maternidade  transforma muito a mulher e no lado profissional transforma no sentido positivo de evolução; me ajudou a ser muito mais produtiva e muito mais madura também.”

Fonte: SBT News

Tags: Brasil, Economia, emprego, maternidade, mulher