A maternidade muda muito a vida das mulheres, tanto pessoal quanto profissionalmente. Após o período de licença-maternidade, as mães que trabalham sob a CLT devem se dividir entre a tarefa materna e a retomada da carreira profissional.
Conciliar essas duas jornadas é um grande desafio que acarreta uma sobrecarga ao período de cuidados com o bebê. A dificuldade de conciliar o exercício da maternidade com a atividade profissional resulta na exclusão da mulher mãe do mercado de trabalho, às vezes por imposição da empresa, ou, em outras ocasiões, por escolha própria.
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Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que mais de 11 milhões de mulheres ficaram fora da força de trabalho em 2022 para cuidar dos filhos e da casa, apesar de desejarem estar no mercado. O levantamento foi realizado com base nos dados disponibilizados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc).
Tendo que deixar o mercado de trabalho para cuidar dos filhos, muitas mães, para combinar atividades profissionais com as tarefas da maternidade, encontram uma excelente alternativa no empreendedorismo, uma vez que, trabalhando de forma autônoma, elas passam a ter uma maior flexibilidade de horários.
Um levantamento realizado pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) com apoio da Rede Mulher Empreendedora e execução do Instituto Locomotiva, revelou que 77% das mulheres começaram a empreender depois da maternidade. No geral, 70% das empreendedoras são mães e a maioria iniciou seus negócios por necessidade. Resultado que se destaca entre as mulheres negras, de menor renda e de escolaridade mais baixa.
Esse é o caso da Larissa Amanda Pontes, de 27 anos. Pedagoga de formação, ela hoje é empreendedora do ramo de cosméticos. Além de cuidar da sua empresa, a L.A Cosméticos (@la_cosmeticos), Larissa tem outra tarefa “full time”: ser mãe da Maria Helena, de 2 anos e oito meses. A mãe conta que sua loja online de cosméticos, que tem quase a mesma idade da filha, foi uma alternativa que encontrou para dedicar mais tempo à maternidade e, ao mesmo tempo, manter uma renda e ter outro foco para dispensar energias, que não seja a tarefa materna.
“A minha loja nasceu há quase três anos, assim como a minha filha. O trabalho com a venda de cosméticos me oportunizou curtir cada fase da Helena, e ainda consegui fazer uma renda. São minhas duas filhas”. (Larissa Amanda)
“Ocupar a mente com algo para além da maternidade me fez muito bem. Devido a tantas demandas na lida com os cuidados com a minha filha, vi a loja como uma oportunidade de crescimento e para gastar energias”, finalizou.
Não há disponibilidade de dados sobre mães empreendedoras no Maranhão, contudo recentes levantamentos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Junta Comercial do Maranhão (Jucema), mostram avanços significativos na participação de mulheres como empreendedoras e participação feminina no comando dos negócios no estado.
EMPREENDEDORISMO FEMININO NO MARANHÃO
De acordo com levantamento do Sebrae de abril deste ano, 41,15% dos empreendimentos são liderados por mulheres. A presença feminina se destaca em diversos setores, com predominância no comércio. Conforme o órgão, no ano passado, quase 234 mil mulheres procuraram por orientações para empreender nas Unidades de Atendimento do Serviço.
“No Maranhão, as mulheres foram o público que mais buscou o Sebrae no ano passado, representando quase 234 mil dos atendimentos realizados. Este ano, já realizamos feiras, encontros e capacitações direcionadas às mulheres de negócios em diversos municípios maranhenses, além de estimularmos redes de empreendedorismo feminino”, destaca a gerente da Unidade de Atendimento do Sebrae no Maranhão, Marina Lavareda.
A quarta edição do Boletim Elas, lançado em maio pela Jucema, mostra o mesmo percentual de 41,15 dos negócios em atividade no Maranhão com participação feminina no seu quadro societário. O percentual equivale a mais de 152 mil empresas com presença de mulheres no comando em todo o estado.
O Boletim da Jucema, aponta ainda que 97% dos empreendimentos comandados exclusivamente por mulheres são micro e pequenas empresas. Entre os setores com participação feminina, o comércio está em destaque, com mais de 68.808 empreendedoras em todo o estado. Com 52.840 empreendedoras, serviço é segundo setor com mais participação de mulheres no comando, segundo a Jucema.
ENTRE MÃES
Para fomentar o empreendedorismo feminino e materno, movimentando a economia local, a Feira Entre Mães acontece há cinco anos em São Luís, reunindo centenas empreendedoras e atraindo milhares de pessoas.
Em 2024, o evento cresceu em estrutura e em quantidade de expositoras, o que aumentou também a quantidade de público que passou pelos dois dias da feira, realizada nos dias 4 e 5 de maio, no Multicenter Negócios e Eventos do Sebrae. Segundo a organização do evento, mais de 120 mulheres expuseram seus serviços ou produtos na estrutura de 2.500 m² e mais de 10 mil pessoas prestigiaram a feira.
“A Entre Mães surgiu com o intuito de fomentar o empreendedorismo materno e, à medida que fomos crescendo, percebemos que ela é igual ao coração de mãe, cabe todo mundo. Então, hoje fomentamos o empreendedorismo feminino de todas as formas”, contou a idealizadora do evento, Amanda Lícia, que é mãe de dois filhos.
A feira teve a participação de franquias e marcas locais de diversos nichos, como: roupa infantil e adulta, calçados, escolas, decoração, saúde, papelaria, brindes e muito mais. As empreendedoras tiveram também acesso a cursos e palestras voltados para o desenvolvimento de líderes.
Além disso, a Entre Mães é uma feira de entretenimento com shows infantis gratuitos para a criançada, atendendo a todas as idades e desejos, uma excelente forma de network entre público e expositores.
Amanda Lícia destaca o impacto positivo que a Feira Entre Mães tem proporcionado na vida e nos negócios das mães empreendedoras maranhenses. “Além de uma feira, na Entre Mães, visamos capacitar e impulsionar mulheres e seus negócios. E, além disso, tem a partilha que mostra que elas não estão sozinhas nessa jornada empreendedora. Elas se sentem acolhidas e vistas por todos”, pontua.
“O mercado acha que, depois que a mulher vira mãe, ela é só um custo a mais. Sendo que a maternidade não diminui o talento da mulher, pelo contrário, ela ressurge como uma fênix, querendo dominar o mundo para dar o melhor para os seus filhos. A Entre Mães é para isso, para dar visibilidade, voz e mostrar na prática”.
(Amanda Lícia)
Uma das centenas de mães empreendedoras que expõem na Feira Entre Mães é Danielle Noleto, que descobriu na maternidade de gêmeos uma inspiração para empreender na área de artigos infantis, há quatro anos. “A decisão pelo empreendedorismo materno surgiu na pandemia, quando meus gêmeos tinham oito meses. Vi a dificuldade de muitas mães em não ter como sair para fazer compras, e como eu participava de grupos de mães que, juntando todos, davam em média 500 mães, quis de alguma forma ajudá-las”, conta.
Além de comercializar artigos infantis, a empresa da Danielle, batizada de MavTeus Baby Store (@mavteusbabystore), com a junção dos nomes dos dois filhos gêmeos, Maria Vitória e Mateus, também oferece assistência às mães nos vários âmbitos da maternidade.
“A MavTeus tem como diferencial um atendimento personalizado, onde ao vender uma mamadeira, eu acabo cuidando de toda a rotina daquela mãe, envolvendo até o casamento. E isso faz com que exista todo um cuidado e não apenas uma venda”.
(Danielle Noleto)
Tags: empreendedoras, empreendedorismo, mães, Maranhão, maternidade