Um em cada dois brasileiros possuem algum tipo de privação de saneamento básico. É o que aponta o estudo, “A vida sem saneamento:para quem falta e onde mora essa população?”, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, nesta quinta- feira (16), com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados entre 2013 e 2022, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA). Isso representa 102 milhões de brasileiros com algum problema de saneamento no país.
Os dados, no entanto, mostram que o acesso aos serviços está diretamente relacionado à renda, cor de pele e idade, além disso, retratam uma desigualdade regional no país. Quando se trata de estados com o maior índice populacional de casas que não estão conectadas à rede de esgoto, por exemplo, todos os cinco estão nas regiões Norte e Nordeste; já os com maior acesso eles estão no Sudeste, com exceção do Distrito Federal.
DESIGUALDADE REGIONAL
Enquanto regiões Nordeste e Norte não estão presentes em quase nenhuma das listas dos cinco estados com maior acesso aos serviços de saneamento, com exceção da disponibilidade de reservatórios, em que Rondônia e Acre aparecem, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste se intercalam em todas as listas com maior acesso e não estão em nenhuma com maior privação.
Região norte possui mais estados que não estão conectados à rede de esgoto e nordeste é a que mais sofre com a falta de água tratada
De 17 a cada 100 moradias do Nordeste ainda não estava ligada à rede que recebe água tratada. No Piauí, cerca de 83% da população não está conectada a rede de coleta de esgoto, de acordo com estudo, liderando a lista; seguido por
1º – Piauí
2º – Amapá,
3º – Pará
4ª – Rondônia
5º – Maranhão.
Os estados que possuem mais conexão com a rede de esgoto estão todos no Sudeste, exceto o Distrito Federal
1º – São Paulo
2º – Distrito Federal
3º – Rio de Janeiro
4º – Minas Gerais
5º – Espírito Santo
Os estados que possuem mais acesso à rede de abastecimento de água tratada estão no Sudeste, Sul e Centro-Oeste
1º – São Paulo
2º – Distrito Federal
3º – Mato Grosso do Sul
4º – Paraná
5º – Rio Grande do Sul
Já os estados que possuem menor acesso à rede de abastecimento de água tratada estão no Norte e Nordeste
1º – Amapá
2º – Rondônia
3º – Pará
4º – Acre
5º – Paraíba
DESIGUALDADE POR RENDA, COR DE PELE E IDADE
Pessoas com menor renda são as mais afetadas pela falta de acesso em todos os problemas listados
Dos 12% de moradias sem acesso à rede geral de água, 70,2% estavam abaixo da linha e pobreza. Além disso, 46,9% das pessoas sem acesso á rede de água tratada moravam em domicílios em que a renda total foi de, no máximo, R$ 2.400,00 por mês. Quando somado às famílias que ganham de 2.400,01 e R$ 4.400,00, o percentual é de quase 80%. Cerca de 96% das pessoas com essa renda não possuem banheiro, além do que a população com essa faixa de renda é a que mais sofre com a falta de esgoto tratada
Privação de serviços de saneamento afeta majoritamente jovens com menos de 20 anos que possuem filhos, a população negra, parda e os indígenas
Segundo o estudo, mais de 30% das pessoas morando em habitações sem acesso à rede geral de água tratada tinham menos de 20 anos de idade. Ainda 53,4% dos 32 milhões de pessoas morando em habitações sem reservatório de água em 2022 tinham menos de 20 anos de idade. O estudo reitera que são famílias com maior número de filhos. Cerca de 73,7% do total da população com privação de banheiro se considera parda.
Sobre os resultados do levantamento, a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, afirma que “O problema afeta de maneira contundente as jovens famílias brasileiras, muitas das quais vivendo abaixo da linha da pobreza, que além de tudo adoece mais graças a essa falta de infraestrutura Quase a metade do país viver com ao menos uma privação de saneamento básico é algo inaceitável e que gera um imenso impacto negativo para todos, afetando a saúde, educação e qualidade de vida de milhões de brasileiros”, afirma.
Fonte: SBT News
Tags: brasileiros enfrenta problemas, problemas com saneamento