SUS pode ficar sem estoque de insulina rápida, diz TCU

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem estoque para apenas um mês de canetas de insulina, usadas no tratamento de pacientes com diabetes tipo 1. A escassez da medicação foi descoberta durante uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). O governo deverá fazer uma licitação de emergência para conseguir o produto.

Ítalo Valente de Araújo, de 7 anos, começou a perder peso e passava mal. Chegou a ficar internado e há dois meses veio o diagnóstico: diabetes tipo 1. O menino passou a tomar insulina diariamente. Mesmo com a pouca idade, ele já sabe que o tratamento daqui para frente é obrigatório.

Na doença, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, hormônio que regulariza a quantidade de açúcar no sangue. Por isso a necessidade de aplicações diárias junto às refeições.

Priscila, mãe de Ítalo, diz que só tem mais duas canetas de insulina para usar até o fim do mês. Desempregada, ela não pode arcar com os gastos, já que cada medicamento custa cerca de R$ 40,00. Ela sentiu o desabastecimento nos postos de saúde.

“No posto você vai, às vezes não tem, às vezes tem, e tem um grupo de mães que ajuda. Essa vez eu fui e não tinha”, afirma Priscila.

O Brasil é o quinto país do mundo — atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão — com o maior número de pessoas com diabetes: são 16,8 milhões, segundo o Ministério da Saúde. 

De 5 a 10% desse total são casos de diabetes tipo 1, mais comum entre crianças e adolescentes. Os pacientes perdem peso, sentem fraqueza e sede constante. Os adultos costumam ser diagnosticados com diabetes tipo 2, doença marcada por infecções e alterações na visão.  
    
Com o pedido médico, a caneta da saúde — como é chamada — pode ser adquirida de forma gratuita. Mas uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que o estoque do SUS, cerca de 190 mil unidades para todo o país, só será suficiente para este mês. 

Foi o Congresso Nacional que pediu uma averiguação para identificar possíveis irregularidades. Quase 1 milhão de doses tiveram que ser descartadas. O caso se agravou a partir da pandemia porque os pacientes não conseguiam as prescrições médicas.  

“Eles não tinham a documentação para retirar as insulinas e elas foram se acumulando nos estoques e foram incineradas”, diz Karla Melo, coordenadora do departamento de saúde púbica da Sociedade Brasileira de Diabetes.

A especialista — que também tem diabetes — espera que o Ministério da Saúde dispense as burocracias diante dessa urgência.

Fonte: SBT News

Tags: Brasil, diabetes, Sistema Único de Saúde, SUS