Sindicato confirma primeira leva de demissões nas Americanas

No tabuleiro de xadrez, que é a briga por uma fatia das Americanas, o jogo está apenas começando. Como fornecedores e acionistas foram pegos de surpresa com o pedido de recuperação judicial, a estratégia agora é ajudar a companhia a sair do buraco. E, com um princípio básico: negociar sem priorizar um determinado grupo de fornecedores.

“Os credores, hoje, são praticamente os mais interessados na recuperação da empresa. Você bater na empresa, você está batendo em você meso. Porque a recuperação da empresa é que vai permitir que você recupere mais o seu crédito”, observa o advogado dos credores, Thomas Felsberg.

O problema é que, segundo analistas de mercado, a dívida da companhia pode ser até R$ 10 bilhões a mais do que os R$ 41 bilhões anunciados. Isso porque alguns débitos não entraram no plano de recuperação judicial. Há, por exemplo, despesas trabalhistas, indenizações e recolhimentos previdenciários. E a dívida pode aumentar ainda mais com demissões.

Nesta 3ª feia (31.jan), a União Geral dos Trabalhadores e o Sindicato dos Comerciários de São Paulo confirmaram a primeira leva de desligamentos na empresa. De acordo com os órgãos, 50 prestadores de serviço foram desligados em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Na análise dos especialistas, o que a companhia precisa agora é de credibilidade, algo que ela perdeu por suspeita de maquiar os balanços. O mercado está em compasso de espera por uma possível injeção de recursos, principalmente, por parte de 3 acionistas majoritários, mais isso ainda é incerto. Antes, é preciso mostrar que há luz no fim do túnel.

“Achar que, por algum milagre, alguém vai botar milhões e milhões em uma empresa que, como você diz, é um avião em queda, não vai acontecer. É preciso mostrar que ele está estabilizado, que as turbinas estão funcionando”, pondera Thomas Felsberg.

É um efeito bola de neve: enquanto o mercado desconfia da capacidade de pagamento das Americanas, fornecedores tendem a endurecer as negociações.

“Os próprios fornecedores vão exigir uma questão de pagamento melhor. A confiança na Americanas praticamente acabou. Então, para fornecer produto para vender, os fornecedores vão exigir mais. E, sem caixa, infelizmente, nenhuma empresa consegue sobreviver”, explica o advogado especialista em auditoria e recuperação judicial, Luiz Deoclecio Fiore.

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