“É algo bem delicado”. Esse foi o primeiro sentimento que a aposentada, Maria dos Santos, de 88 anos, e sua família tiveram após ser diagnosticada com câncer de colo de útero, em dezembro de 2023. E no Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado nesta segunda-feira (8), a longa espera pelo tratamento é um dos obstáculos enfrentados por quem luta pela vida.
Atualmente, o Maranhão conta com apenas quatro hospitais públicos voltados para atendimento de pacientes oncológicos, segundo informou a Secretaria de Estado da Saúde, sendo dois deles na capital e dois no interior do estado.
Maria dos Santos, de 88 anos, precisou sair do município de Vargem Grande para São Luís, para realizar radioterapia contra o câncer de colo de útero no Hospital do Câncer Aldenora Bello. O tratamento, que deveria ter começado nos primeiros dias de janeiro, somente teve início na última semana do referente mês.
“Minha avó veio de Vargem Grande pra cá, praticamente de muda. Ela devia ter começado na primeira semana de janeiro, mas o hospital só começou o tratamento dela na última semana do mês”, desabafou Maria Clara, de 27 anos.
Ela revelou ainda que mesmo com o bom acolhimento por parte da equipe, a precariedade e a falta de mais unidades para o tratamento da doença fizeram a avó dela esperar por mais de 4 horas. “No dia mais crítico, minha avó esperou mais de 4 horas sentada para receber a medicação”, desabafou Clara.
A presidente da Rede Nacional De Combate ao Câncer, Alice Dino, ressaltou o papel vital das equipes multidisciplinares e do voluntariado no suporte aos pacientes oncológicos, destacando a humanização e o carinho no tratamento.
“Além do atendimento prestado aos pacientes, nós oferecemos suporte através das campanhas que são realizadas. Uma das campanhas principais é a Preciso Viver, que segue até o final do ano. A ideia é proporcionar momentos de lazer, diferenciados para cada paciente, para cada instituição”, informou a presidente.
Dados da Rede Nacional de Combate ao Câncer apontam que o câncer de colo de útero, câncer de pênis e câncer de mama são os mais comuns no estado.
O que diz o Governo?
A Secretaria de Estado da Saúde (SES), disse que na rede estadual os locais para atendimento dos pacientes oncológicos são, em São Luís, o Hospital de Oncologia do Maranhão – Dr. Tarquínio Lopes Filho, e o Hospital do Câncer Aldenora Bello.
Em Caxias, o tratamento pode ser feito no Hospital Macrorregional de Caxias Dr. Everaldo Ferreira Aragão. Além disso, segundo a SES, o estado possui uma contratualização com o Hospital São Rafael em Imperatriz.
A SES disse, ainda, que os hospitais oncológicos da rede estadual oferecem o suporte necessário para o tratamento do portador de neoplasia, como hospitais especializados em oncologia, exames laboratoriais e de imagem, cirurgias, quimioterapia e radioterapia. Esse suporte é oferecido a partir da entrada em qualquer rede especializada do estado.
Tipos de câncer comuns no Maranhão
O câncer de colo de útero, atualmente o mais frequente no estado, é enfatizado como uma doença detectável precocemente por meio de exames preventivos. Em seu estágio inicial, não há sintomas, e o exame é o melhor meio de identificação.
Já o câncer de pênis, segundo mais comum na região, requer atenção especialmente em homens idosos. Porém, o conselho é que quanto mais cedo o homem começa a realizar exames e cuidar da saúde íntima, maiores são as chances de recuperação do paciente, seja em caso de doença ou apenas para manutenção do bem-estar masculino.
O terceiro mais diagnosticado no estado é o câncer de mama que, com suas várias formas de manifestação, requer vigilância e tratamento adequados. Os médicos indicam tanto o teste de toque, que pode ser feito em casa pelo paciente, quanto as consultas adequadas com o mastologista.