Evolução de surto de gripe aviária para pandemia é pouco provável, dizem especialistas

O aumento de casos de influenza aviária (H5N1) no Brasil está causando preocupação entre as autoridades de saúde. Apesar de afetar majoritariamente aves selvagens e domésticas, os subtipos do vírus vêm sofrendo mutações capazes de se manifestar em humanos, aumentando o risco de transmissão.

Um dos últimos subtipos registrados foi o H3N8, que provocou a morte de uma mulher de 56 anos na China. Especialistas apontam, no entanto, que é pouco provável que o surto atual evolua para uma pandemia.

Isso porque, apesar de estar contaminando mais mamíferos – que são biologicamente mais próximos dos humanos do que as aves -, o vírus da gripe aviária ainda não encontrou “um caminho” para conseguir ser transmitido entre humanos. A infecção ocorre apenas quando a pessoa tem contato próximo com a ave doente ou com o ambiente contaminado. 

Segundo ele, o subtipo H5N1 é o principal na lista de monitoramento das autoridades de saúde. O vírus possui uma alta patogenicidade, registrando uma taxa de letalidade de 50%, e um potencial de mutação que poderia permitir a infecção em seres humanos com mais facilidade. Atualmente, o Ministério da Agricultura e Pecuária contabiliza 79 focos de H5N1 no país – a maioria em aves silvestres. Em maio, a pasta declarou emergência zoosanitária e recomendou que todos os estados fizessem o mesmo. 

Apesar de ainda não ter registros no Brasil, a infecção de gripe aviária em humanos já foi detectada em outros países da América Latina, como Chile e Equador. Neste ano, governos da Bolívia, Argentina e Uruguai também decretaram emergência sanitária após a identificação do vírus em granjas. No mundo, entre 2003 e 2023, 873 pessoas foram infectadas pelo vírus H5N1, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). De todos os contaminados, 457 morreram, representando uma taxa de 53% de letalidade.

Em janeiro, o Instituto Butantan iniciou o processo de desenvolvimento de uma possível vacina contra a gripe aviária em humanos. No momento, são realizados testes com cepas vacinais cedidas pela OMS, sendo que o primeiro lote piloto já está disponível para testes pré-clínicos. À princípio, o objetivo é reunir um estoque de imunizantes feitos com ao menos três cepas da doença: H5N1, H5N8 e H5N1 – variedade importante para prever futuras pandemias.

No entanto, como a doença provoca o abate de milhões de aves – para evitar a proliferação do vírus -, a queda da oferta dos animais pode deixar os produtos mais caros tanto externamente como internamente.

A última vez que o Brasil registrou impacto nas exportações foi no início deste ano, quando as autoridades sanitárias confirmaram um caso de vaca louca no país. O cenário fez com que a China, que representa 53% dos envios da proteína no exterior, suspendessem temporariamente as compras.

Fonte: SBT News

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