Se a profecia das montadoras já tinha irritado o governo – e em particular o presidente Lula – , a realidade parece ser ainda mais aguda. Ao anunciar o plano de descontos para automóveis de até R$ 120 mil reais, o governo rapidamente ouviu das fábricas o discurso de que o montante de R$ 500 milhões de reais para o programa duraria apenas um mês. A julgar pelo andar da carruagem, nem 30 dias vai durar.
Em menos de quinze dias, as vendas dos veículos como preço reduzido já consumiram 64% dos recursos do programa: R$ 320 milhões já foram solicitados pela fábricas para descontos ao consumidor que compra um 0km participante do programa. A cifra foi atingida no último final de semana e cresceu 88% em relação ao balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) na última sexta-feira (16). Quer dizer: em menos de 15 dias, mais da metade do total destinado a créditos tributários às empresas, para se transformarem em reduções de preços ao consumidor nessa modalidade do programa, já foram empregados. Veja abaixo quanto cada montadora autorizou em descontos até agora.
– Fiat Chrysler: R$ 130 milhões
– Volks: R$ 50 milhões
– Peugeot Citroen: R$ 40 milhões
– Renault: – R$ 30 milhões
– GM: R$ 20 milhões
– Hyundai: R$ 20 milhões
– Honda, Nissan e Toyota, R$ 10 milhões cada.
A relação de automóveis incluídos no programa não sofreu alteração: são 266 versões de 32 modelos. Os descontos patrocinados pelo governo vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil e são válidos para veículos novos com preços de mercado até R$ 120 mil. As montadoras podem aplicar descontos adicionais por conta própria, como vem acorrendo.
Ação pontual
O programa de redução de preços tem por finalidade atenuar a crise em um setor da economia que responde por nada menos que 20% do PIB da indústria de transformação, que opera com 50% da capacidade instalada ociosa. Também é meta do plano apoiar a renovação da frota de ônibus e caminhões. O limite de recursos é de R$ 1,5 bilhão.
Além dos R$ 500 milhões para carros, outros R$ 700 milhões são destinados aos caminhões e R$ 300 milhões aos ônibus. No caso dos caminhões e ônibus, os descontos vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil.
O governo estipulou normas para adesão ao programa: quanto maior a eficiência energética; maior densidade industrial (capacidade de gerar emprego e crescimento no entorno); e menor preço, mais desconto o carro pode atingir. Já os ônibus, quanto mais caro o veículo maior a redução que pode ser proposta.
Fonte: SBT News