Brasil volta a registrar casos de importunação sexual contra jornalistas

Em 2022, quatro jornalistas foram importunadas sexualmente enquanto trabalhavam, segundo o Relatório Anual de Violações à Liberdade de Expressão da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), divulgado nesta quarta-feira (10). A maioria dos casos aconteceu em coberturas esportivas e durante entradas ao vivo.

É o caso da jornalista Jéssica Dias, que trabalha na ESPN Brasil e sofreu assédio de um torcedor do Flamengo durante um link ao vivo, em setembro de 2022. Ela falava dos arredores do Maracanã, no Rio de Janeiro, sobre as expectativas para o jogo das semifinais da Libertadores, disputado entre o time rubro-negro e o Vélez Sarsfield, da Argentina, quando Marcelo Benevides Silva a tocou e a beijou, sem o seu consentimento.

No dia seguinte, em seu Instagram, a repórter falou sobre o caso e destacou que antes do beijo no rosto, transmitido ao vivo, ela já havia sido importunada pelo flamenguista.

“Antes tiveram muitos xingamentos e importunação porque o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os ‘pedidos de desculpa’ com alisamentos nos ombros e um beijo no local. Eu estava prestes a ser chamada para o link e mantive a posição, existe uma logística que exige concentração. Outra tentativa de beijo no ombro. Me esquivei e meu câmera chamou a atenção dele. O último ato foi o beijo no rosto”, disse Jéssica.

A equipe que acompanhava Jéssica conseguiu segurar Marcelo, que foi preso em flagrante após prestar esclarecimentos à polícia. Ele foi solto no dia seguinte e responde pelo crime de importunação sexual em liberdade.

De acordo com o relatório da Abert, casos de importunação sexual contra jornalistas não haviam sido registrados em 2021, voltando a aparecer em 2022 no mapa da violência da entidade. 

Outros casos

Os outros três casos registrados pelo levantamento da Abert mostram que nem nas redes sociais as jornalistas estão livres. Em dois dos casos, repórteres receberam mensagens de cunho sexual pela internet. Veja abaixo:

4 de abril: uma equipe da TV Globo foi vítima de crime de ato obsceno, enquanto a repórter Camila Guimarães fazia uma entrada ao vivo, em Samambaia (DF). Um carro passou em baixa velocidade na rua e o homem que estava no banco do carona colocou as nádegas na janela, aparecendo na imagem da reportagem.

19 de outubro: a apresentadora da TV Globo, Bárbara Coelho, foi vítima de importunação sexual pela internet. Coelho recebeu, pelas redes sociais, vídeos de um homem se masturbando com fotos dela.

29 de dezembro: a apresentadora da TV Bandeirantes, Livia Nepomuceno, foi assediada por um telespectador que usou as redes sociais para mandar mensagens de cunho sexual. Um homem identificado como Lucas Vitolo, do Rio de Janeiro, afirmava que “estava se masturbando enquanto a via no comando do programa esportivo Jogo Aberto”.

Fonte: SBT News

Tags: importunação sexual, jornalistas, registro