O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) lançou nesta quinta-feira (20) o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revelando dados inéditos sobre a criminalidade no país durante o ano de 2022. O relatório aponta que o Brasil registrou no período um total de 47.508 mortes violentas intencionais (MVI), categoria que engloba homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, mortes de policiais e mortes decorrentes de intervenção policial.
Essa cifra representa um recuo de 2,4% em relação ao ano de 2021, com um índice de 23,4 por grupo de 100 mil habitantes, e a segunda menor quantidade de MVI desde o início da série histórica monitorada pelo FBSP, em 2011. Mesmo significando uma redução de ritmo em relação aos anos entre 2018 e 2021 — 2017 foi o ano mais letal, quando ao menos 64 mil pessoas morreram de forma violenta no país — o Brasil, segundo o Anuário, ainda é uma nação violenta e marcada pelas diferenças raciais, de gênero, geracionais e regionais.
Mortes violentas intencionais (MVI) por região
As regiões Sul e Centro-Oeste experimentaram um aumento na violência letal, com crescimentos de 3,4% e 0,8%, respectivamente. Já o Sudeste apresentou uma leve redução de 2%, enquanto o Norte e o Nordeste mostraram reduções significativas de 2,7% e 4,5%, respectivamente. Essas reduções, principalmente no Nordeste, resultaram em 889 vidas poupadas, contribuindo para a diminuição da violência letal em âmbito nacional.
No entanto, o estudo revelou que a região Norte continua sendo uma das mais violentas, com um crescimento alarmante de 3.300 para cerca de 8.000 mortes violentas intencionais entre 2011 e 2018. O Amapá liderou o ranking como o estado mais violento do país em 2022, com uma taxa de 50,6 mortes por 100 mil habitantes, seguido da Bahia, com taxa de 47,1, e do Amazonas, com taxa de 38,8.
O relatório aponta que a violência na região amazônica está associada à atuação do narcotráfico, conflitos fundiários e exploração ilegal de recursos naturais. Os nove estados que compõem a Amazônia Legal continuam apresentando taxas de mortes violentas intencionais bem superiores à média nacional. A taxa de violência letal nos municípios que compõem a Amazônia Legal é 44% superior à média brasileira. Enquanto no Brasil a taxa foi de 23,4 por 100 mil habitantes em 2022, na Amazônia chegou a 33,8 por 100 mil.
Por outro lado, as unidades da federação com as menores taxas de violência letal foram São Paulo, com 8,4 mortes por 100 mil habitantes, Santa Catarina, com 9,1 por 100 mil e o Distrito Federal, com taxa de 11,3, demonstrando que há disparidades significativas entre as regiões do Brasil em relação à segurança pública.
Perfil das vítimas
O Anuário também destaca a persistência do perfil das vítimas da violência no país. Em média, 91,4% das mortes violentas intencionais atingem homens, enquanto 8,6% são mulheres. Além disso, a violência afeta predominantemente a população negra, que representa 76,5% das vítimas, chegando a 83,1% em casos de intervenções policiais.
Outro dado alarmante é que 50,3% das vítimas de MVI eram adolescentes e jovens com idades entre 12 e 29 anos, evidenciando a gravidade da violência nessa faixa etária. Esse grupo também concentra 75% das mortes decorrentes de intervenção policial. Já os roubos seguidos de morte atingem um público mais velho, 1/4 tem mais de 60 anos e 46,9% tinham entre 35 e 59 anos quando foram mortos.
Armas de fogo
Em relação ao uso de instrumentos nas mortes violentas, os dados do Anuário revelam que as armas de fogo continuam sendo o principal meio empregado, representando 76,5% dos casos. Contudo, além das armas de fogo, o relatório chama a atenção para a extrema violência presente nos casos de lesões corporais seguidas de morte, em que 37,1% das vítimas foram mortas por agressões, enforcamentos, sufocamentos e métodos semelhantes. Em 15,3% dos casos de Lesões Seguidas de Morte, o instrumento utilizado foram armas brancas, como facas.
Fonte: SBT News
Tags: Brasil, homicidio, mortes violentas