45% das brasileiras sofre algum tipo de transtorno mental, diz estudo

Cerca de 45% das mulheres brasileiras sofre de ansiedade, depressão ou algum tipo de transtorno mental. É o que aponta o estudo “Esgotadas”, realizado pela ONG Think Olga. A pesquisa foi realizada com 1.078 mulheres, de 18 a 65 anos, em todos os estados do Brasil e divulgada este mês.

Os sentimentos mais citados na pesquisa são ansiedade (55%), estresse (49%), irritação (39%), exaustão (28%), baixa autoestima (28%) e tristeza (25%). Entre os principais fatores de insatisfação das mulheres estão situação financeira apertada (48%), sendo que 28% se declaram como única ou principal provedora de seu lar. As dívidas, a remuneração baixa e a sobrecarga de trabalho também estão entre as principais causas de sofrimento entre as mulheres.

“A questão socioeconômica é uma variável importantíssima quando a gente fala de saúde mental. Quanto maior a vulnerabilidade socioeconômica, maior a vulnerabilidade emocional e vulnerabilidade em saúde mental.”, disse a psicóloga especialista em saúde mental feminina, Juliane Callegaro Borsa

Para Borsa, o diagnóstico de ansiedade ou depressão, muitas vezes, “vem totalmente descolado do contexto das experiências que essa mulher vive.”

O racismo é apontado como um dos fatores de adoecimento pela pesquisa, com 54% das pretas ou pardas, estando insatisfeitas ou extremamente insatisfeitas e 39%, das que são brancas.

No quadro geral, 86% das brasileiras consideram ter muita carga de responsabilidade, e 48% sofrem com uma situação financeira apertada, num contexto em que 28% se declaram como única ou principal provedora de seu lar e que 57% daquelas entre 36 a 55 anos são responsáveis pelo cuidado direto de alguém.

Entre as soluções trazidas pela Think Olga estão estratégias sociais de cuidado a saúde mental, vinculadas a políticas públicas, que enfrentem as causas do sofrimento entre as mulheres e a garantir salários iguais para homens e mulheres.

“A gente vai ter que criar estratégias sociais de cuidado em saúde mental. Um exemplo é a preparação das comunidades para uma escuta mais qualificada. Isso vai ser muito importante, porque não tem um sistema único de atenção à saúde mental de forma mais ampla. E mesmo o SUAS, na assistência social, ou SUS, com os Centros de Atenção Psicossocial, não vão ser suficientes para tanta gente.”, disse a psicóloga e doutora em psicologia social,  Jaqueline Gomes de Jesus.

Fonte: SBT News

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