Apesar do resultado positivo, a desigualdade ainda é um grande desafio
-novembro 10, 2025
Apesar do resultado positivo, a desigualdade ainda é um grande desafio
Foi divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), nesta terça-feira (6), a edição mais atualizada do Relatório de Desenvolvimento Humano que revela os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 193 países.
Segundo o informe, o Brasil ocupa agora a 84ª posição, com um IDH de 0,786 – numa escala que vai de 0 a 1. O índice é considerado alto. Em comparação a 2022, o país apresentou uma evolução de 0,77%, quando era de 0,780. Na época, ocupava a 86ª posição, significando uma subida de cinco colocações.
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Com o ajuste de 2022, o país subiu duas colocações no ranking, superando países como Moldávia e empatando com Palau. A evolução histórica do Brasil também foi destacada no relatório: Entre 1990 e 2023, o crescimento médio anual do IDH brasileiro foi de 0,62%. Mais recentemente, de 2010 a 2023, o avanço foi de 0,38% ao ano.
América Latina e a liderança chilena
O Chile se manteve como o país latino-americano mais bem colocado na lista, na 45ª posição, com IDH de 0,878. Outros nove países da América Latina e Caribe também figuram no grupo de alto desenvolvimento, como Argentina, Uruguai, Panamá e Costa Rica. A média regional dos países latinos teve um crescimento de 0,64%.
A desigualdade freia o desenvolvimento do Brasil
Apesar do avanço, o relatório aponta um dado e alerta importante: quando o IDH brasileiro é ajustado pela desigualdade social, o índice cai para 0,594, rebaixando o país para a 105ª colocação, dentro da categoria de desenvolvimento médio. A queda considerável revela o impacto profundo dos desequilíbrios internos em fatores como renda, saúde e educação.
Em contrapartida, países como a Islândia — líder global com IDH de 0,972 — apresentam ajustes mínimos mesmo após considerar desigualdades,se mantendo ainda no topo.
Gênero e pegada de carbono
O relatório também apresentou dados importantes sobre gênero: As mulheres brasileiras têm um IDH levemente superior ao dos homens: 0,785 contra 0,783, puxado por indicadores mais altos de expectativa de vida e escolaridade. No entanto, ainda perdem no quesito renda (PIB per capita) em relação ao segundo grupo.
Outro ajuste apresentado leva em conta a pegada de carbono dos países (quantidade total de gases de efeito estufa emitidos na atmosfera por uma pessoa, empresa, produto ou atividade). Nessa métrica, o Brasil registra IDH de 0,702, ficando em 77º lugar no ranking global, uma posição melhor do que a obtida quando o critério é apenas a desigualdade social.
Desafios globais e o papel da inteligência artificial
O tema central do relatório deste ano é o impacto das IAs para o desenvolvimento humano. Para Achim Steiner, administrador do Pnud, é fundamental que a IA seja usada como aliada para o progresso humano e não se torne uma força sem controle.
“É importante garantir que a inteligência artificial nos ajude a aumentar nossa engenhosidade, imaginação e capacidade de resolver problemas, sem agravar as desigualdades ou ameaçar nosso futuro coletivo”, afirmou Steiner.
Já o coordenador do relatório, Pedro Conceição, alertou para a desaceleração do progresso global. Segundo ele, o crescimento do IDH no mundo é o mais lento da história recente, principalmente por conta do período da pandemia de covid-19.
“Se o ritmo anterior tivesse sido mantido, o mundo já teria alcançado um nível muito alto de desenvolvimento humano até 2030. Agora, esse marco foi adiado por décadas”, explicou.