Polícia da capital alemã alega preocupações de segurança para suspender manifestações. No fim de semana, ato em Berlim organizado por rede pró-palestina que celebrou massacre de israelenses gerou indignação na Alemanha.
Polícia da capital alemã alega preocupações de segurança para suspender manifestações. No fim de semana, ato em Berlim organizado por rede pró-palestina que celebrou massacre de israelenses gerou indignação na Alemanha.
A polícia de Berlim anunciou nesta terça-feira (10) a proibição de um ato público anti-Israel e de apoio à causa palestina que estava programado para o dia seguinte. O motivo, segundo as autoridades da capital alemã, seriam preocupações em relação a possíveis “perigos para a segurança e para a ordem pública”.
A manifestação, cuja concentração estava marcada para ocorrer na Praça Pariser, entre o Portão de Brandemburgo e a avenida Unter den Linden, reuniria apoiadores da Palestina que percorreriam um trajeto através do bairro de Neuköllln, onde se encontra uma importante comunidade muçulmana.
A polícia informou que também estão proibidos quaisquer outros atos que venham a ser realizados em substituição ao que estava marcado para esta quarta-feira.
Segundo o informe divulgado na rede social X, antigo Twitter, a decisão de proibir a manifestação foi tomada tanto em razão da “situação atual no Oriente Médio” quanto pelos “acontecimentos no final de semana passado em Berlim”.
A agência alemã de notícias DPA, informou que outras manifestações também foram proibidas por conterem slogans antissemitas e de incitação à violência.
No sábado passado, um ato realizado pela organização Samidoun reuniu centenas de pessoas, algumas das quais, comemoravam os ataques contra Israelperpetrados pelo Hamas, considerado um grupo terrorista na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos.
Exibindo bandeiras palestinas, membros do grupo entoaram cantos contra Israel e distribuíram doces para os participantes, reunidos na via Sonnenallee.
Inicialmente, a polícia pediu para que o grupo parasse de entoar cânticos de ódio contra Israel e de glorificação à violência. Após as ordens não serem obedecidas, mais de cem policiais começaram a intervir, efetuando detenções e dispersando a multidão. A situação escalou e houve confronto com a polícia. Mais cedo, jornalistas já haviam sido hostilizados por participantes da sinistra celebração.
Uma transmissão ao vivo da celebração foi publicada na conta do Instagram da Samidoun de Berlim, que organizou a manifestação. Após a polícia dispersar a manifestação pró-Hamas, a rede Samidoun reclamou da ação da polícia nas suas redes sociais. “A manifestação foi atacada pela polícia e vários manifestantes ficaram feridos. Esse fanatismo ao lidar com palestinos e apoiadores da causa palestina é um sinal claro de que a resistência na Palestina está deixando os ocupantes e seus apoiadores nervosos”, disse o grupo.
A celebração da chacina de israelenses na capital alemã provocou indignação no meio político alemão. O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que classificou os ataques do grupo Hamas a Israel como “atos bárbaros”, disse que não aceitará “que os ataques hediondos contra Israel sejam celebrados” nas ruas da Alemanha.
“O sofrimento, a destruição e a morte de tantas pessoas não podem ser motivo de alegria”.
Em reação ao episódio em Berlim, o deputado Dirk Wiese, do Partido Social-Democrata (SPD), a mesma legenda de Scholz, pediu medidas duras contra os apoiadores do Hamas na Alemanha. O grupo palestino é classificado como terrorista pela Alemanha.
“Qualquer solidariedade aqui na Alemanha com organizações terroristas como o Hamas ou o Hezbollah deve receber uma resposta dura e consistente usando todos os meios legais à nossa disposição, em particular a expulsão [da Alemanha] de acordo com a Seção 54, Parágrafo 1, No. 2 da Lei de Residência”, disse Wiese ao jornal Rheinische Post.
O subprefeito de Neukölln, Martin Hikel, também condenou a celebração. “O fato de uma organização como Samidoun em Neukölln distribuir doces enquanto o terror cai sobre Israel é uma terrível glorificação de uma guerra horrível” Ele também pediu para que a rede seja banida.
O embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor, também pediu que as autoridades alemãs tomem medidas duras contra rede Samidoun. Ele afirmou que a Samidoun é “um cavalo de Troia” que está abusando da democracia alemã. “O que são essas pessoas? São bárbaros”, disse Prosor.
As três legendas que formam a coalizão de governo da Alemanha – o Partido Social-Democrata (SPD) do chanceler federal Olaf Scholz, o Partido Liberal-Democrático e os Verdes – e a sigla conservadora de oposição União Democrata Cristã (CDU) cogitam tornar ilegal a rede Samidoun.
De acordo como Departamento de Proteção da Constituição em Berlim, a Samidoun foi fundada em 2011 por membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), por sua vez um grupo fundado nos anos 1960 que mistura marxismo-leninismo e nacionalismo árabe e que décadas atrás estava entre os mais proeminentes grupos palestinos. A PFLP é classificada como terrorista pela Alemanha e outros países da União Europeia.
Fonte: DW Brasil