Um estudo realizado pela Faculdade de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP) concluiu no ano passado que a prática de exercícios de resistência, mesmo quando são praticados em ambientes poluídos, produz os efeitos desejados em indivíduos treinados recreacionalmente e já adaptados a esse tipo de cenário.
À Agência FAPESP, o primeiro autor do artigo, André Casanova Silveira, afirma: “Assim, podemos dizer que, neste caso, os benefícios do exercício se sobrepõem aos efeitos deletérios do ambiente poluído.”
De acordo com o coordenador do estudo, professor Rômulo Bertuzzi, como os modelos tradicionais de exercício de carga constante não conseguem “mimetizar” os efeitos de uma prova real, a equipe teve de criar um experimento de longa duração, superior a 60 minutos e capaz de imitar esse cenário.
Como os cientistas provaram que os atletas se “aclimatam” à poluição?
Para comprovar a hipótese de que pode haver um certo tipo de aclimatação em atletas acostumados a ambientes poluídos, os cientistas instalaram uma câmara no estacionamento da Faculdade de Medicina da USP, a 20 metros da rua e a 150 metros de um movimentado cruzamento de trânsito. A câmara tem dois dutos por onde entra o ar da rua, um com filtro químico e outro sem filtro.
Um grupo de dez ciclistas do sexo masculino realizou um circuito virtual de 50 km (prova de contrarrelógio) sobre um rolo, em dois dias distintos com intervalo de 48h. As provas foram realizadas de forma randomizada: uma no ambiente “poluído” e outra no com ar filtrado.
A análise de marcadores de inflamação presentes no sangue dos participantes revelou que o exercício fez bem para os participantes, independentemente se praticado no ambiente sem filtro ou no ambiente cientificamente asséptico.
ARTIGO: American Journal of Physiology – DOI: 10.1152/ajpregu.00305.2021.
Com informações do site TecMundo
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