O resultado de um estudo realizado na China deixou os cervejeiros empolgados ao concluir que a bebida possui ingredientes benéficos para a saúde. De acordo com a pesquisa, alguns componentes da cerveja são decompostos pelo microbioma intestinal e, dessa forma, poderiam exercer um efeito regulador no sistema imunológico.

Esse efeito seria anti-inflamatório, anticoagulante e antioxidante, tornando inofensivos alguns produtos nocivos gerados no metabolismo.

Tudo isso soa muito bem, mas uma observação mais a fundo do estudo chinês, divulgado no final de julho, pode frustrar o clima de festa. A pesquisa foi financiada pelo Laboratório State Key de Fermentação Biológica e Engenharia da Cerveja, que pertence à cervejaria Tsingtao, uma das maiores da China.

Além disso, dois dos cinco autores do estudo são do laboratório da própria cervejaria, como consta na seção “conflitos de interesse” do texto. Por isso, o médico alemão Helmut Seitz, que realiza pesquisas sobre álcool, duvida da independência do estudo chinês. Ele avalia o conteúdo da pesquisa como “grotesco”.

Cerveja faz mais mal do que bem

“É claro que há certas substâncias na cerveja que são boas para a saúde, como o extrato de lúpulo”, observa Seitz, que há décadas realiza pesquisas sobre o álcool e seus efeitos no organismo.

Ele diz, porém, que o efeito oxidante do álcool é muito mais forte do que os potenciais benefícios de todos os outros ingredientes presentes na cerveja. Esse efeito oxidante pode causar inflamações e aumenta o risco de doenças, como diabetes e câncer.

“O álcool possui um efeito cancerígeno, especialmente no intestino grosso”, explicou o alemão. “O álcool se decompõe em acetaldeído, que possui um efeito tóxico.” Além disso, segundo o especialista, a cerveja é até mais prejudicial para o intestino do que o vinho, embora o motivo disso ainda não seja conhecido.

Fonte: DW Brasil

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