A startup brasileira de biotecnologia, MelTech abre o ano de 2023 com o lançamento do Elixir do Sono, uma bebida feita a partir de extratos de plantas brasileiras capaz de combater a insônia.
Baseada em três plantas nativas da caatinga e do cerrado, capazes de melhorar a qualidade do sono, os extratos são misturados em uma kombucha, e assim podem ser armazenados por até 12 meses sem a necessidade do uso de conservantes.
Fernanda Matias, fundadora e sócia da empresa, é uma das mentes por trás da inovação. “Você toma e em meia hora você começa a bocejar”, afirma. Segundo ela, a ideia surgiu na contramão do movimento biohacking.
Grande parte dos experimentos feitos por essa comunidade são focados em aumentar a performance e a produtividade. Matias, entretanto, percebeu que havia espaço para um produto que ajudasse o corpo a desacelerar.
Ela, que tem um laboratório em casa, começou a buscar na vegetação brasileira por compostos químicos que pudessem resolver um problema cada vez mais comum dos dias de hoje, a insônia.
Produto nacional desenvolvido na ótica do biohacking
Durante 2021, o produto foi avaliado dentro de um grupo seleto de consumidores. Matias conta que as fases de teste do produto foram um sucesso. Foram duas: a primeira para testar as dosagens e a segunda para avaliar os efeitos.
“Conseguimos até mesmo tirar uma paciente do zolpidem”, afirma. Depois de 20 dias, a voluntária relatou que nem mesmo precisava do elixir todos os dias, conta Fernanda. Para ela, essa é uma forte evidência de que a bebida ajuda na regulação do ciclo circadiano de sono e atenção.
A biohacker, porém, ressalta que cada caso é particular, e quem faz uso de medicação deve reduzir as doses aos poucos, com acompanhamento médico.
A MelTech é uma empresa especializada na produção de bebidas fermentadas e produzidas a partir de chás, as kombuchas. Como probiótico, esse produto tem a capacidade de recompor a flora intestinal, recolonizando o corpo e recuperando as leveduras saudáveis. Os benefícios atingem desde neurotransmissores até o mecanismo inflamatório do corpo.
Todas as formulações da empresa são veganas e não usam conservantes. Matias afirma que, desde o princípio, em 2009, esteve preocupada em colocar produtos saudáveis e naturais no mercado.
As formulações usadas nos produtos foram desenvolvidas e patenteadas a partir de experimentações caseiras feitas pela própria cientista. Ela conta que no começo o produto era instável, a garrafa fermentava e explodia, e o tempo de prateleira era curto.
Foi então que a biohacker começou a experimentar com o seu laboratório de casa. Mudando a forma de cultivar as leveduras, ela conseguiu desenvolver um processo seguro e eficiente para a suas kombuchas.
A MelTech tem outras duas marcas no mercado, a Yra, de hidromeis feitos com mel preto da região, e a Cajuíra, um melado de caju produzido a partir do reaproveitamento das sobras das colheitas.
Matias reconhece que entrou tarde no mercado, mas apostando na sua experiência como pesquisadora e no biohacking afirma que tem um diferencial em relação aos concorrentes, que não possuem controle da produção ou avaliação da microbiota.
Nem só de implantes vivem os biohackers
Além de biohacker e empreendedora, Fernanda Matias é doutora em biotecnologia pela USP e professora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Para ela, a experimentação não é um problema, mas é preciso consciência e responsabilidade.
Por conta da sua formação, lembra que sempre foi natural carregar microrganismos para todos os lados – até na geladeira de casa as placas de Petri sempre marcaram presença.
Fernanda diz que enxerga duas vertentes no biohacking. Em primeiro lugar, trata-se de levar a pesquisa científica para dentro de casa. Em segundo, é uma forma de buscar alternativas que melhorem a performance do nosso corpo.
Foi no seu laboratório doméstico, quando começou a fazer kombucha para consumo próprio, que Fernanda percebeu a contribuição que a biodiversidade brasileira poderia dar para as propriedades probióticas e medicinais dessa bebida.
“Eu sempre fui apaixonada pela nossa flora. Temos uma capacidade gigante de oferecer novos tratamentos”, diz. Ela agora está de olho em pesquisas por novas moléculas que miram na prevenção e cura do Alzheimer. “Precisamos nos apoderar dessas plantas e desses conhecimentos para empoderamento da nação.”
Com informações do site TecMundo
Tags: Biohacking, insônia, kombucha