O final do ano é época de comemorações, fim de ciclos e, mais tradicionalmente, de rever as realizações ao longo do ano e planejar o ano que está por vir. No entanto, isso pode gerar ansiedade para algumas pessoas.
Especialistas explicam por que algumas pessoas, que não lidam bem com o fim de ciclos, experimentam sentimentos negativos nesta temporada, ficando em uma espécie de luto pelo ano que passou.
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As expectativas criadas ao longo do ano, que não foram alcançadas, podem gerar frustração, e, ao se comparar com outras pessoas nas redes sociais, a angústia aumenta, explica a psiquiatra Sofia Cardoso.
“Essa cultura ocidental, que a gente tem, de colocar muita expectativa no final do ano… Se eu tive expectativas e frustrações, posso ficar muito triste. Então, posso sim pensar em desanimar, procrastinar. As redes sociais influenciam muito, porque é por meio delas que vemos as coisas mais escancaradas, como o que se espera de você, o que você fez, quantos quilos perdeu. Então, é como se fosse uma cobrança explícita”, explicou.
Embora o termo “Dezembrite” – caracterizado por sentimentos de tristeza – não seja um conceito reconhecido pela psicologia, ele ganhou popularidade, já que os sintomas associados a essa “síndrome do fim de ano” surgem especificamente nesse período.
Se as pessoas não percebem e tratam esses sentimentos ruins, eles podem evoluir para casos de depressão e ansiedade.
A psiquiatra pontua os sintomas que afetam algumas pessoas que estão com sentimentos de tristeza e melancolia nessa temporada.
“A tristeza, por si só, não seria um transtorno, mas, se houver algum transtorno semelhante, como a depressão, você pode começar a perder o interesse pelas coisas que gosta. Pode haver prejuízo no trabalho, no rendimento escolar ou até nas relações interpessoais”, explicou.
Como lidar com a tristeza de fim de ano
Segundo Sofia Cardoso, o que a pessoa fizer com esses sentimentos de melancolia é o que determinará se isso se tornará uma angústia patológica.
“O que fazer diante disso pode nos levar a desenvolver um transtorno, criando uma certa angústia patológica. Ou seja, a angústia faz parte, mas remoer, talvez ficar ali com aquele pensamento de ruminação negativa, pode trazer muitos prejuízos, mas não necessariamente um transtorno psiquiátrico”, destacou.
A doutora, então, elencou algumas dicas de como lidar com a tristeza, caso seja afetado pelo “dezembrite”:
- Reflita sobre o que você está se cobrando; pergunte-se se essa cobrança é realmente sua ou se vem de outra pessoa.
- Entenda que é natural planejar, esperar e também é natural que as coisas não dêem certo.
- Lembre-se de que somos seres que naturalmente vamos fazer isso. Vamos sempre contar, recontar e recriar.
- Se você não está conseguindo lidar de maneira natural e saudável, procure ajuda, pois pode não ser apenas uma fase transitória.
- Fale sobre isso com quem está ao seu redor, veja se compartilham do mesmo pensamento e se expresse.
Além disso, a psiquiatra finaliza dizendo que a principal ajuda que as pessoas devem procurar é a dos profissionais da área de saúde mental.