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Mês da Consciência Negra: como o racismo ameaça a saúde mental

Novembro é o Mês da Consciência Negra, um período oportuno para discutir os caminhos necessários para melhorar as condições de vida de uma população que, embora seja maioria no Brasil, enfrenta diariamente o racismo.

Entre as diversas problemáticas decorrentes do racismo no país, a saúde mental tem ganhado destaque no debate público.

De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, aproximadamente 4.500 homens negros morreram por suicídio no último ano. Essa estatística corresponde a 75% dos suicídios masculinos no país, um número alarmante que evidencia a gravidade da questão na população negra.

Especialistas alertam para a necessidade de contextualizar o racismo como um elemento que impacta negativamente a saúde mental das pessoas negras.

É o que defende a psicóloga Larissa Abreu, que também é professora de Filosofia na rede pública estadual do Maranhão:

É fundamental que a gente tenha um olhar atento, diferenciado, porque nós, terapeutas, precisamos primeiro acolher e validar o sofrimento da pessoa negra, reconhecendo a profundidade desse impacto, porque grande parte de psicólogas clínicas e psicólogos clínicos são pessoas brancas. Então, existe um contexto histórico de muita invalidação do sofrimento racial sofrido por pessoas negras quando chegam à clínica relatando esses sofrimentos.

Participação de pessoas brancas

Para Larissa, o espaço terapêutico pode e deve ser um ambiente de apoio a pessoas que lidam diariamente com o preconceito racial.

Contudo, ela enfatiza que o trabalho não deve se limitar às vítimas, mas também incluir uma reflexão direcionada às pessoas que perpetuam essa violência sistêmica.

Ela sugere que é necessário provocar as pessoas brancas a repensarem de que maneira a desigualdade racial as mantém em uma zona de conforto, dificultando um combate efetivo ao racismo.

“A gente pode pensar, por exemplo, como pessoas brancas lidam com essa percepção do seu lugar racial nesse sistema desigual que violenta pessoas negras, como que é para as pessoas brancas se identificarem nesse lugar racial. Mas, além disso, como a gente pode pensar quais são as consequências do racismo para a construção psicossocial de pessoas brancas”, opinou a psicóloga.

Impactos na autoestima

Larissa também destaca como a estrutura racista da sociedade leva o indivíduo negro a acreditar que certas vivências negativas são intrínsecas a si, e não decorrentes do preconceito estrutural.

A perda da autoestima é um dos fatores que mais contribuem para a deterioração da saúde mental.

Muitas vezes situações de insucesso educacional, profissional ou então ‘fracassos amorosos’ são internalizados ou individualizados pela pessoa negra. Ela começa a se sentir culpada, inadequada, incompetente, incapaz, e aí percebemos que esses eventos não são apenas frutos de falhas pessoais, mas existe uma estrutura social desigual que também nega oportunidades, espaços, afetos.

Debate coletivo

Por fim, Larissa chama a atenção para a necessidade de abordar a questão sob uma perspectiva coletiva, além da dimensão individual.

Ela reforça que cada pessoa pode buscar apoio, como o acesso à terapia, mas destaca a urgência de um debate público e institucional que enfrente as raízes dessa problemática como uma questão social.

A gente tem que falar de práticas coletivas, de saúde pública, de práticas institucionais, de que práticas temos que adotar para minimizar os impactos do racismo na saúde mental.

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