O jingle “Silvio Santos vem aí!” foi ouvido todos os domingos por quase seis décadas. Isso significava que estava diante do “mais puro suco” da televisão brasileira. “Do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar”, dizia a música de abertura do seu programa. O apresentador desta maratona de entretenimento, cuja trajetória se confunde com a história da comunicação televisiva do país, partiu.
Ainda que Silvio Santos tenha passado grande parte de sua vida diante do público. No entanto, após sua morte, ele preferiu que isso fosse diferente. Por isso, não houve velório devido à vontade do apresentador. Seu corpo saiu direto do hospital para o cemitério, onde foi realizada uma cerimônia restrita aos familiares, seguindo os ritos do judaísmo, religião do apresentador.
No Cemitério Israelita do Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, apenas os membros da família e amigos puderam assistir ao enterro, que ocorreu nas primeiras horas do domingo.
“Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria que viveu”, explicou a família de Silvio, em uma carta aberta aos fãs e amigos do apresentador. O texto diz ainda que Silvio “amou o Brasil e os brasileiros”.
Após contrair a gripe (H1N1), Silvio faleceu na madrugada do último sábado, aos 93 anos, por causa de uma broncopneumonia. Desde o início do mês, ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, localizado em São Paulo.
Homenagens
Os admiradores, os artistas e os políticos ficaram chocados com a morte do apresentador e empresário. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, decretou um luto oficial de três dias. Como resultado, relembrou sua relação com o comunicador nas redes sociais.
“Ao longo dos anos nos encontramos em programas de TV, reuniões e conversas, sempre com respeito e carinho. A sua partida deixa um vazio na televisão dos brasileiros e marca o fim de uma era na comunicação do País”, escreveu o presidente.
A apresentadora Eliana, que trabalhou por mais de 20 anos na emissora de Silvio, o SBT, publicou uma foto ao lado de seu antigo patrão. Obrigado por todos os conselhos. escreveu: “Descanse em paz, amado mestre”.
O Grupo Difusora emitiu uma nota de pesar neste sábado (17) pela morte do apresentador Silvio Santos, ícone da TV brasileira. Silvio morreu aos 93 anos, em São Paulo.
Referência como comunicador e empresário, Silvio Santos deixa um legado sólido e de profundo impacto na formação de várias gerações.
Trajetória
O apresentador, batizado Senor Abravanel, nasceu no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1930. Desde a infância, sua mãe o chamava Silvio, então decidiu adotar esse nome. Seus pais eram judeus e chegaram ao Brasil em 1924. Eles nasceram no Império Otomano.
O “Homem do Baú” foi camelô antes de se tornar um comunicador. Ele acabou convidado para fazer um teste na Rádio Guanabara enquanto vendendo produtos na rua. Após obter experiência na rádio, Silvio montou seu império em São Paulo.
Em 1960, começou a trabalhar na antiga TV Paulista com o programa “Vamos Brincar de Forca”, logo depois rebatizado como “Programa Silvio Santos”. Em 1975, Silvio fundou a TVS após vencer a concorrência no Canal 11, no Rio de Janeiro.
O empresário adquiriu mais quatro emissoras nos anos 1980, formando o Sistema Brasileiros de Televisão (SBT). Em 2022, o apresentador deixou a televisão sem anunciar oficialmente sua aposentadoria, passando o comando de seu programa dominical para uma de suas seis filhas, Patrícia Abravanel.
Silvio Santos foi o apresentador de vários programas ao longo dos anos, incluindo “Porta da Esperança”, “Passa ou Repassa”, “Topa Tudo Por Dinheiro”, “Qual É A Música?”, “Show do Milhão” e “Casa dos Artistas”. Além disso, gerações de comunicadores acabaram influenciadas por sua maneira divertida de interagir com a plateia e os convidados, os “aviões de dinheiro” jogados para o público e os bordões inesquecíveis.
De acordo com a revista Forbes deste ano, Silvio construiu uma trajetória empresarial sólida ao trabalhar na televisão, deixando suas filhas e esposa com a fortuna de R$ 1,6 bilhão. Fundado em 1962, o Grupo Silvio Santos tinha 34 empresas, incluindo o Banco PanAmericano, Jequiti Cosméticos e a Liderança Capitalização, que administra a Tele Sena.
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